Kiev anuncia criação de corredores para quem quiser sair da Crimeia
A Ucrânia está a desenvolver corredores de segurança para os residentes da Crimeia que queiram abandonar a península anexada pela Rússia desde 2014, anunciou hoje um conselheiro presidencial ucraniano.
Mikhailo Podoliak disse que as rotas poderão ser usadas "durante a desocupação ativa" da Crimeia, sem adiantar mais pormenores, incluindo sobre eventuais operações das forças ucranianas.
"Por agora, pedimos a todos que fiquem o mais longe possível das instalações militares e verifiquem os abrigos", escreveu Podoliak na rede social Twitter.
A Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia em 2014.
A agência ucraniana Urkinform, que cita a mensagem de Podoliak, disse que o "nível amarelo" de ameaça terrorista foi prorrogado pelas autoridades pró-russas da Crimeia até 08 de setembro, e até 16 de setembro na cidade autónoma de Sevastopol, na mesma península.
Segundo a Ukrinform, um movimento de resistência designado por "Fita Amarela" apelou aos residentes na Crimeia para se manterem afastados das instalações militares russas e, se fosse possível, para saírem da península, tal como Podoliak.
A agência ucraniana também noticiou que na manhã de 16 de agosto, após a deflagração de um incêndio numa subestação elétrica e a detonação de munições, "formaram-se enormes filas à saída da península da Crimeia em direção à Federação Russa".
No final de julho, a sede da frota russa do Mar Negro localizada em Sevastopol foi alvo de um ataque com um drone (aeronave não tripulada), obrigando ao cancelamento das celebrações do dia da marinha da Rússia.
A reduzida dimensão do ataque e a aparente utilização de meios pouco sofisticados fizeram levantar a hipótese de ter sido levado a cabo por insurgentes ucranianos, noticiou na altura a agência norte-americana AP.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem afirmado que as forças armadas da Ucrânia pretendem reconquistar os territórios ocupados pela Rússia, incluindo a Crimeia.
"Vamos expulsá-los para a fronteira. Para a nossa fronteira, cuja linha não mudou. Os invasores conhecem-na bem", reafirmou Zelensky na segunda-feira, referindo-se também à Crimeia, além dos territórios sob ocupação russa desde que começou a guerra em curso, em 24 de fevereiro.
A Ucrânia anunciou, na segunda-feira, o início de uma contraofensiva no sul do país, que Moscovo reivindicou ter repelido provocando mais de 1.200 baixas entre as forças ucranianas.
Num outro desenvolvimento, as forças russas bombardearam hoje a cidade de Kharkiv (leste) pelo segundo dia consecutivo, depois de um ataque na segunda-feira ter provocado quatro mortos e 11 feridos, disse o presidente da câmara local.
"Ataque de artilharia no distrito de Kyivskyi. Várias 'chegadas'", escreveu Ihor Terekhov na rede social Telegram, referindo-se a projéteis que terão atingido aquela zona de Kharkiv.
Terekhov deu ainda conta de "um incêndio num edifício alto" devido aos ataques, segundo a Ukrinform.
O centro da cidade já tinha sido atingido por bombardeamentos russos na segunda-feira, que mataram quatro pessoas, de acordo com o governador da região, Oleg Synegoubov.
Com cerca de 1,4 milhões de habitantes antes da guerra e situada a poucas dezenas de quilómetros da fronteira russa, Kharkiv foi a capital ucraniana até 1934, quando a Ucrânia era uma república soviética.
As autoridades ucranianas e russas têm divulgado informações sobre os combates em curso desde 24 de fevereiro, incluindo baixas civis e militares, mas muitas dessas informações não podem ser verificadas por fontes independentes.
A ONU confirmou a morte de mais de 5.600 civis desde o início do conflito, mas tem alertado que o balanço será consideravelmente superior.