"Mudar a ministra sem mudar a política não adianta absolutamente nada", alerta BE
A coordenadora do BE defendeu hoje que mudar a ministra da Saúde "sem mudar a política não adianta absolutamente nada", recusando responsabilizar individualmente Marta Temido pela perda de capacidade do SNS, mas sim todo o Governo.
"A responsabilidade da perda de condições do SNS e da perda das suas valências, a responsabilidade do SNS ter cada vez menos capacidade não é a responsabilidade de uma ministra, é a responsabilidade de todo um Governo que decidiu não investir na capacidade instalada do SNS, que decidiu não acordar condições de trabalho para que os seus profissionais, formados no SNS, ficassem no SNS", criticou a líder bloquista numa conferência de imprensa na sede do BE para comentar a demissão de Marta Temido do cargo de ministra da Saúde.
Para Catarina Martins, "uma linha de continuidade na saúde é o desastre" e "mudar a ministra sem mudar a política não adianta absolutamente nada".
"Não há tempo a perder. O que é preciso neste momento é uma alteração não apenas de ministra, mas de política para o SNS e deixarmos este remendo permanente em que tudo o que o governo tem para oferecer ao SNS são horas extraordinárias ou prestadores de serviços. O que o SNS precisa é de investimento e de profissionais com condições", apelou.
Adiar os investimentos e as carreiras que possam fixar profissionais no SNS "tem sido a política do Governo e, na verdade, a demissão de uma ministra não resolverá o problema", enfatizou a coordenadora do BE.
"Todos os dias o SNS está a perder capacidade e essa é uma escolha de António Costa, essa é uma escolha do Governo do PS que não vem dos últimos cinco meses, que é mais longa e pela qual Marta Temido não pode ser responsabilizada individualmente como é natural e eu nunca o faria", enfatizou.
A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou hoje a demissão por entender que "deixou de ter condições" para exercer o cargo, que foi aceite pelo primeiro-ministro.
"A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou hoje a sua demissão ao primeiro-ministro por entender que deixou de ter condições para se manter no cargo", dá conta uma nota enviada às redações na madrugada de hoje.