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Líder xiita Moqtada Sadr exige dissolução do parlamento iraquiano

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O poderoso líder xiita Moqtada Sadr exigiu hoje a dissolução do parlamento iraquiano e eleições legislativas antecipadas, ao considerar não existir "qualquer interesse" em dialogar com os seus adversários num contexto de paralisia política total.

A intervenção pela televisão do influente dirigente -- considerado decisivo para a estabilidade política do país e a primeira desde a invasão pelos seus apoiantes do parlamento no passado sábado e onde ainda permanecem --, surgiu num momento em que se multiplicavam os apelos ao diálogo no cenário interno.

"Estou certo que a maioria da população está exasperada pela classe dirigente na sua totalidade, incluindo alguns [políticos] da minha corrente", reconheceu o líder xiita no seu discurso transmitido pelas televisões locais.

"A partir de agora, não haverá mais antigas figuras, independentemente da sua filiação", assegurou, propondo "um processo democrático revolucionário pacífico, e de seguida eleições democráticas antecipadas após a dissolução do atual parlamento".

"Os revolucionários e os contestatários que participam no 'sit-in' devem permanecer e prosseguir o seu acampamento até à aceitação das suas reivindicações", insistiu.

A crise política interna agravou-se no sábado, com a ocupação do parlamento pelos apoiantes do líder xiita Moqtada Sadr, em protesto contra a candidatura de um novo chefe de Governo proposto pelas fações rivais pró-Irão.

Hoje, e pelo quinto dia consecutivo, centenas de partidários de Sadr continuavam a ocupar o parlamento, indicou a agência noticiosa AFP.

Na quarta-feira, a corrente "sadrista" apelou aos apoiantes para se retirarem do hemiciclo e de uma outra grande sala do parlamento, sugerindo que até sexta-feira acampassem frente ao edifício e nos jardins circundantes.

Numa tentativa para ultrapassar a crise, o primeiro-ministro Mustafa al-Kazimi, que gere os assuntos correntes, propôs um "diálogo nacional".

Sadr rejeitou os "rumores" de que não pretende dialogar, mas considerou que "já tentámos e promovemos do diálogo com eles, mas não trouxe nenhum contributo para nós ou à nação, apenas ruína e corrupção (...) apesar das suas promessas".

Assim, prosseguiu, não existe "qualquer interesse em comparecer num tal diálogo, em particular após o povo ter exprimido a sua palavra livre e espontânea", acrescentou, numa alusão ao movimento de contestação.

Ainda hoje, a missão de assistência da ONU para o Iraque (UNAMI) apelou aos dirigentes políticos a encontrarem "soluções urgente para a crise" através do diálogo.