ONU denuncia "aumento exponencial" da violência sexual ligada ao conflito no Sudão do Sul
Os casos de violência sexual no Sudão do Sul durante o segundo trimestre deste ano aumentaram 218% relativamente ao período homólogo de 2021, embora se reconheça que o número total de vítimas civis de violência diminuiu no computo geral.
A Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (Unmiss, no acrónimo em inglês) detalhou que durante o período registou 922 vítimas civis, 15% menos do que em 2021, embora tenha alertado para um aumento de 218% na violência sexual relacionada com o conflito.
"O aumento exponencial da violência sexual e de género é absolutamente inaceitável e afeta mais seriamente as mulheres e meninas", explicou o chefe da Unmiss, Nicholas Haysom, que enfatizou que "essa violência que divide as comunidades e dificulta a reconciliação tem de acabar".
Por esta razão, a missão destacou que está a apoiar as autoridades nos esforços para garantir a responsabilização e acesso à justiça aos sobreviventes e vítimas através de uma série de tribunais especiais e móveis.
A Unmiss enfatizou ainda que, como no primeiro trimestre de 2022, os confrontos intercomunitários foram a principal causa de baixas civis, representando 60% do total.
Assim, detalhou que 38% das vítimas foram causadas pelo Exército e pelo ex-grupo rebelde Movimento de Libertação Popular do Sudão na Oposição, antes de denunciar que ambos "dependem cada vez mais das milícias aliadas que intervêm no conflito".
A missão destacou a deterioração da situação no estado de Unidade (sul) e detalhou que, entre 01 de abril e 31 de maio, mais de 170 civis morreram, incluindo 49 crianças, devido aos confrontos registados na área, onde 84 casos de violações ou violações coletivas também foram documentados.
A Unmiss reclama às autoridades do Sudão do Sul que "investiguem rapidamente" as violações e abusos dos direitos humanos e garantam que os responsáveis ??sejam responsabilizados, e defendeu a aplicação "total" do acordo de paz de 2018.