NATO está pronta para intervir no Kosovo, avisa Stoltenberg
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, avisou hoje que a força da Aliança Atlântica no Kosovo, a Kfor, "está preparada para intervir se a estabilidade for ameaçada" pelos incidentes na fronteira com a Sérvia.
"Reuni-me hoje com o Presidente da Sérvia, Aleksander Vucic, para analisar as tensões no norte do Kosovo. [...] Todas as partes devem envolver-se construtivamente no diálogo promovido pela UE [União Europeia] e resolver os diferendos através da diplomacia. A NATO está pronta a intervir se a estabilidade for ameaçada, em conformidade com o mandato da ONU", afirmou Stoltenberg na rede social Twitter.
A força da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) no Kosovo, que integra 3.775 militares de 28 países, tem como mandato criar um ambiente de segurança e garantir a liberdade de movimento "em prol de todas as comunidades do Kosovo".
Terça-feira, o secretário-geral da Aliança Atlântica reuniu-se com o primeiro-ministro kosovar, Albin Curti, perante quem insistiu na ideia da necessidade de se evitarem ações unilaterais.
No mesmo dia, no Twitter, Stoltenberg pediu ao Kosovo e à Sérvia para manterem a calma face à elevada tensão registada nos últimos dias na fronteira comum e apoiou o diálogo entre as duas partes mediado pela UE.
A tensão tem diminuído progressivamente desde segunda-feira, após uma noite de domingo assinalada por protestos dos sérvios kosovares motivados pela decisão de Pristina de proibir documentos de identidade e matrículas sérvias no seu território, uma medida que foi adiada "por um mês" após pressões ocidentais.
Os sérvios do Kosovo levantaram o bloqueio de estradas no norte da antiga província da Sérvia, após os dirigentes de Pristina terem ordenado o encerramento dos postos fronteiriços.
O Kosovo pretendia aplicar desde 01 de agosto o que designa por "medidas de reciprocidade", pelo facto de a Sérvia também não aceitar documentos de identificação ou matrículas da sua ex-província que autoproclamou a independência em 2008.
Após algumas horas de incerteza, incluindo alguns disparos e sirenes antiaéreas, o Governo de Kurti recuou face às pressões dos Estados Unidos e da UE, e anunciou a aplicação das medidas para 01 de setembro.
Belgrado nunca reconheceu a secessão do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra sangrenta iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.
Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais. O último episódio de tensões ocorreu em setembro do ano passado após a decisão de Pristina de proibir as matrículas de identificação sérvias.
Durante diversos dias, foram bloqueados dois postos fronteiriços.
O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 115 países, incluindo os Estados Unidos que mantêm forte influência sob a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.
A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território, e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil ou África do Sul) também não reconheceram a independência.