Desporto

Organização da Volta esclarece que "age apenas perante decisões" das entidades desportivas

Foto Arquivo/Pedro Correia/Global Imagens
Foto Arquivo/Pedro Correia/Global Imagens

A Podium, empresa organizadora da Volta a Portugal em bicicleta, "mantém-se concentrada em colocar na estrada" a 83.ª edição, notando, em comunicado, que "age apenas perante decisões e resoluções das entidades que superintendem a justiça desportiva".

"A organização da Volta a Portugal em Bicicleta tem acompanhado os desenvolvimentos que têm vindo a público sobre ações levadas a cabo pela Polícia Judiciária e pela ADoP, Autoridade Antidopagem de Portugal, junto de algumas equipas profissionais de ciclismo", começa por dizer o comunicado.

A Podium recorda que, "desde a primeira hora" e "em defesa da verdade desportiva", se constituiu parte da Comissão de Estrada promovida pela Federação Portuguesa de Ciclismo, "a qual emanou um protocolo destinado à autorregulação da comunidade profissional portuguesa, constituindo um compromisso de todos os agentes envolvidos com as boas práticas desportivas".

"Nesse documento, para além das demais obrigações desportivas e perante o compromisso de autorregulação da comunidade, a organização da Volta a Portugal comprometeu-se também a convidar todas as equipas profissionais portuguesas para participarem na prova. Sem prejuízo deste compromisso, a Podium, que não pode atuar nestes casos no tempo dos media, aguarda e age apenas perante decisões e resoluções das entidades que superintendem a justiça desportiva", nota.

A organizadora da Volta ressalva que, "ainda que alguns corredores e uma equipa tenham sido, entretanto, visados por essas decisões, estas incidem exclusivamente sobre si próprios e sobre a sua atividade desportiva anual e futura", pelo que, ainda que lamentando, "mantém o compromisso de prosseguir com aqueles que nada tem a ver com esses casos e que se mantém incólumes na forma como praticam o seu desporto de eleição que também é a sua atividade profissional e sustento financeiro".

"A Podium mantém-se concentrada em colocar na estrada mais uma grandiosa edição da Volta que terá início esta quinta-feira, 04 de agosto, em Lisboa. Temos a certeza que durante quase duas semanas, como sempre acontece no verão, o país continuará a viver de forma apaixonada e debruçado sobre a estrada as intrépidas aventuras dos heróis de bicicleta", concluiu o comunicado.

A PJ realizou na terça-feira buscas "em locais ligados a equipas de ciclismo" no âmbito da operação 'Prova Limpa', confirmou à Lusa fonte ligada à investigação, esclarecendo que o objetivo "principal foi a recolha de prova, nomeadamente documentação".

A mesma fonte detalhou que a PJ "realizou buscas em vários pontos do país, em simultâneo, em locais ligados a equipas de ciclismo, no âmbito da operação 'Prova Limpa'", tendo estas "como objetivo principal a recolha de prova, nomeadamente de documentação e não a detenção de qualquer suspeito".

As buscas aconteceram a dois dias do arranque da 83.ª Volta a Portugal em bicicleta, que estará na estrada entre quinta-feira e 15 de agosto.

Entre os ciclistas cuja casa foi alvo de buscas estão Francisco Campos, entretanto afastado da equipa Efapel, e Daniel Freitas, excluído da Volta a Portugal pela Rádio Popular-Paredes-Boavista, segundo confirmaram à Lusa, respetivamente, os diretores desportivos José Azevedo e José Santos.

Também um corredor da Glassdrive-Q8-Anicolor está entre alvos das buscas, com o diretor desportivo Rúben Pereira a preferir não revelar a identidade do mesmo.

No final de abril, 10 corredores da W52-FC Porto foram constituídos arguidos e o diretor desportivo da equipa, Nuno Ribeiro, foi mesmo detido, assim como o seu adjunto, José Rodrigues, no decurso da operação 'Prova Limpa', a cargo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto.

"A operação policial, envolvendo um total de cerca de 120 elementos provenientes da Diretoria do Norte e ainda das Diretorias do Centro e do Sul, da Unidade Nacional de Combate à Corrupção e dos Departamentos de Investigação Criminal de Braga, Vila Real e Guarda, contou ainda com a colaboração da ADoP", detalhou a PJ, em 24 de abril, indicando que durante a mesma "foram apreendidas diversas substâncias e instrumentos clínicos, usados no treino dos atletas e com impacto no seu rendimento desportivo".

A União Ciclista Internacional (UCI) retirou, na semana passada, a licença desportiva à W52-FC Porto, depois de oito dos seus ciclistas, além de dois elementos do 'staff' terem sido suspensos preventivamente pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP).