EUA proíbem entrada de 893 funcionários russos devido a guerra
Os Estados Unidos proibiram ontem a entrada no país de 893 funcionários russos e impôs sanções a vários oligarcas e empresas da Rússia devido à sua relação com a guerra iniciada por Moscovo na Ucrânia.
"Os Estados Unidos não hesitarão na hora de apoiar o bravo povo da Ucrânia e continuarão a promover a prestação de contas do Presidente [russo, Vladimir] Putin e seus comparsas cujas ações causaram tanto sofrimento e destruição na Ucrânia", declarou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em comunicado.
Entre os cidadãos russos cuja entrada no país o Governo norte-americano proibiu, está a alegada namorada de Putin, Alina Maratovna Kabaeva, dupla campeã olímpica de ginástica rítmica, nascida em 1983, apesar de o Kremlin sempre ter negado as notícias da relação publicadas na imprensa cor-de-rosa.
O Departamento do Tesouro indicou em comunicado que Kabaeva foi membro da Duma (câmara baixa do parlamento russo) e mantém atualmente "uma relação próxima" com o chefe de Estado russo, além de presidir a um grupo de comunicação social favorável ao Kremlin.
Os restantes 892 responsáveis federais russos impedidos de entrar em território dos Estados Unidos são membros do Conselho Federal e militares, por "ameaçarem ou violarem a soberania, integridade territorial ou independência política da Ucrânia".
A medida inclui também 31 funcionários de Governos estrangeiros "que agiram em apoio da pretensa anexação da região ucraniana da Crimeia e assim ameaçaram ou violaram a soberania da Ucrânia", lê-se no comunicado do Departamento de Estado norte-americano.
Por último, o Departamento do Tesouro imporá hoje igualmente sanções a elites próximas do Kremlin e a uma grande multinacional e iniciará ainda uma operação contra evasão a sanções, além de identificar um iate como propriedade confiscada.
"Estas elites e empresas operam em setores económicos que geram receitas substanciais para o regime russo, inclusive de fontes fora da Rússia", refere o documento oficial.
"Enquanto os ucranianos continuam a defender corajosamente a sua pátria da brutal guerra do Presidente Putin, as elites russas administram empresas que geram enormes receitas e financiam os seus próprios opulentos estilos de vida fora da Rússia", explica Blinken no comunicado, indicando que é por essa razão que "os Estados Unidos estão a adotar medidas adicionais para garantir que o Kremlin e seus facilitadores sentem os efeitos cumulativos da nossa resposta à sua guerra de agressão sem escrúpulos".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de dez milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU confirmou que 5.327 civis morreram e 7.257 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 160.º dia, sublinhando que os números reais deverão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.