Um mar de rosas
A Festa de Verão do PS-M na Madalena terá sido “a maior de sempre”. Mas foi a melhor?
Boa noite!
Da festa socialista, à qual fui em trabalho para a TSF, retenho 7 aspectos:
1. Local
A escolha foi feliz. A promenade da Madalena do Mar é acolhedora, o mar é ali mesmo ao lado e o tempo ajudou. Tudo se conjugou para que o espaço de eventos, já testado pelo governo regional, na mostra da banana, acolhesse milhares ávidos de festa.
2. Organização
A máquina caprichou nos transportes e mesmo não estando oleada na plenitude já não é o que era, amadora, distraída e distante. Tudo fez para ter casa cheia, cumprir horários e dar condições de trabalho a quem lá foi com essa missão. Conseguiu surpreender.
3. Mobilização
O partido assume estar preparado para 2023. Só que não bastam boas intenções. Vão ser precisos mais de 10 mil para ganhar um sufrágio em que Matias Damásio não é o cabeça-de-cartaz.
4. Discursos
Tiveram o mérito de não serem enfadonhos e redundantes, nem ofensivos. Há gente no PS que aprendeu com o tempo. Quanto ao conteúdo, o expectável para um partido que, sendo oposição, deseja chegar ao poder.
5. Presenças
Nem todos os antigos líderes, deputados, autarcas e vereadores do partido tiveram pachorra para ir à festa arejar a cabeça e agitar as bandeiras. Em primeiro lugar, porque a casamentos e baptizados só vão os convidados. Em segundo, porque é recomendável evitar frequentar espaços em que se seja indesejado. Em terceiro, porque este é tempo de férias e há muito calhau por descobrir por essa ilha fora e mundo além.
6. Palco
Havia lugar para todos, mas tal como na festa do PSD, mesmo presentes na recinto, nem todos subiram ao palco. Uns manifestamente não precisam pois têm de sobra noutras paragens. Outros porque têm mais do que fazer do que dar nas vistas. Por exemplo, Emanuel Câmara, coadjuvado pelo filho Olavo, preferiu ser VAR!
7. Motivação
O balão de oxigénio que o partido bem precisava foi alcançado, mas pode ser ilusório. À Festa do Avante também vão multidões e os resultados do PCP ficam sempre aquém das expectativas geradas pela catarse. As sondagens independentes que vão começar a surgir ajudarão a perceber se a “maior festa de sempre” foi, de facto, a melhor.
Aparentemente, neste mar de rosas não há espinhos. Mas há alguns equívocos. E graves. Porque no PS há alguma gente eleita que padece de iliteracia mediática, que não quer notícia, mas sim publicidade. Porque no PS ainda há alguma gente com peneiras a mais que aponta e dispara para todo o lado, mas é incapaz de analisar humildemente o que falha internamente. Porque no PS há gente nervosa por causa de lugares futuros, quando devia estar mais focada em precaver-se para o que vem aí, seja isso o que for, e em identificar a tempo e horas fragilidades e méritos de quem quer de facto ser uma “alternativa com soluções”.