Procuram-se trabalhadores!
A Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM), na publicação dos últimos dados do 2.º trimestre de 2022 sobre o emprego, revela uma taxa de desemprego de 7,3%. Na edição do JN a 24 de Agosto de 2022 indica que a taxa de desemprego está a diminuir desde Março 2021, há 16 meses consecutivos. Na plataforma online do DN Madeira, uma notícia publicada a 10 de Agosto de 2022, indica que a última taxa de desemprego revelada pela DREM, é a maior do país. Por fim, falta de mão de obra na Madeira é o que uma maioria de empresários se queixa.
Até pode parecer, uma grande confusão, mas não o é. Isto tudo deve-se à problemática da falta de mão-de-obra, que possivelmente até pode haver.
Por um lado, pontualmente, em sectores de valor acrescentado (uso de conhecimento intensivo e tecnologias digitais), e por outro lado em sectores mais abrangentes (comércio, alojamento, restauração, construção), são nestes últimos, onde reside um dos lados do problema.
Se há falta mão de obra, será por falta de oferta de remuneração mais atrativa, para manter a margem de lucro? Existe a pretensão de manter preços competitivos à custa de estagnação do custo da mão-de-obra? Porque não aumentar os preços para fazer face ao custo da mão-de-obra? O que é bom paga-se e o que é excelente é caro!
No outro lado do problema, está a inércia dos trabalhadores, num tempo em que a taxa de desemprego, apesar de ser a mais alta do país, desce há 16 meses consecutivos e, ainda por cima, existe a possível falta de mão de obra, não existe melhor altura para lutar por uma melhor remuneração, pois a vantagem negocial está do lado dos trabalhadores.
Mas pelo que vejo, sindicalização, ou algo parecido a isto, só mesmo nos livros de história. Na Região Autónoma da Madeira, parece haver uma certa vergonha alheia, ou certo desdém, quando uma pequena massa representativa dos trabalhadores luta por condições laborais, ou mesmo por uma qualidade de vida melhor.
Contudo acredito, que existe uma certa ignorância ao que se trata do sindicalismo, que é comparado com ideologias de extrema esquerda o que é totalmente errado. Basta pesquisar por sindicalismo nos países nórdicos, onde é forte e não são ideologicamente de extrema esquerda, nem nada que pareça! Como também, existe potencial para melhorar e rejuvenescer este sindicalismo madeirense em toda a sua instituição.
Sem uma massa colectiva forte, não é individualmente que se consegue negociar condições laborais melhores, mesmo quando os tempos são de agoiro para os trabalhadores. A preferência pelo conformismo decadente da classe maioritária madeirense é de certa maneira, frustrante.
Assim, não deveria ser oportuno para a maior classe começar a rejuvenescer e a criar novas uniões sindicais para alavancar as vantagens acima referidas? Por outro lado, sendo a Madeira, apregoada de um destino turístico de excelência maduro, não deveria ser agora o momento (que há tanto é adiado) para articular e fomentar o aumento do valor acrescentado através do preço, pois como referido, o excelente é caro! Já que os recursos que temos (hospitalidade, segurança e natureza) é limitado à ilha em si e escasso a nível internacional?
Diogo Barrios