Bolsonaro diz que o trataram pior que a adversários no maior telejornal do Brasil
O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse esta sexta-feira, que foi tratado pior do que os seus adversários nas entrevistas do Jornal Nacional, maior telejornal do país, insinuando que isto ocorreu porque o seu Governo cortou verbas publicitárias da Rede Globo.
"Ninguém deveria estar surpreso. Na verdade, compreendo perfeitamente a Globo tratar melhor aqueles que estão dispostos a pagar mais. Eles são a esperança de dias melhores para a emissora. Nada mais coerente do que pegar mais leve. Estranho seria comigo, que fechei a torneira", escreveu Bolsonaro no Twitter, referindo-se à tensa entrevista que concedeu ao Jornal Nacional, na última segunda-feira, no âmbito da campanha para as eleições presidenciais, marcadas para 02 de outubro.
"Talvez se tivéssemos dado o que queriam, as boas notícias não seriam acompanhadas por um 'mas' e sobrariam aplausos ao meu Governo. Mas escolhemos investir no Brasil e não em elogios. Por isso o desemprego cai, a economia cresce, a violência diminui, mas a gritaria continua", acrescentou, numa outra mensagem, o chefe de Estado, candidato a um segundo mandato pelo Partido Liberal.
Na segunda-feira, Bolsonaro concedeu uma entrevista ao telejornal de maior audiência do país e declarou que aceitará o resultado das eleições, se estas forem "limpas e transparentes", e afirmou não ter cometido erros na gestão da pandemia de covid-19.
Visivelmente tenso, o chefe de Estado disse que não tinha ofendido juízes de tribunais superiores, afirmação que foi rebatida pelos entrevistadores, que lembraram momentos em que Bolsonaro foi filmado a fazer ataques a membros do judiciário que considera agirem contra o seu Governo.
O Presidente brasileiro também negou ser conivente com a destruição da Amazónia ignorando o aumento da desflorestação e a queda das operações de fiscalização de crimes ambientais registada na sua gestão.
A manifestação de Bolsonaro ocorre um dia depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter concedido uma entrevista ao mesmo Jornal Nacional, que teve a corrupção como principal tema e uma repercussão positiva para o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT).
No caso de Lula da Silva, as perguntas sobre corrupção dominaram a conversa, mas o seu desempenho foi considerado positivo porque o ex-presidente não fugiu do tema, lembrou que o seu Governo apoiou leis de combate a corrupção, afirmou que todas as acusações contra si foram retiradas, acusou a operação Lava Jato de tê-lo perseguido por razões políticas e disse que, se eleito, permitirá que a polícia volte a investigar a corrupção, o que ele considera não estar acontecendo no atual Governo.
Na terça-feira, o também candidato à Presidência brasileira Ciro Gomes, que detém 7% das intenções de voto, foi entrevistado pelo Jornal Nacional e usou o espaço para falar sobre o seus projetos e defender que, se eleito, trabalhará para transformar o Brasil 'num Portugal' no que se refere à qualidade de vida da população.
Com 32% das intenções de voto e atrás de Lula da Silva, que lidera as sondagens com 47%, segundo o instituto Datafolha, Bolsonaro procurava com esta entrevista ao principal telejornal do país reconquistar apoio de eleitores que votaram em si em 2018.
Hoje, o Jornal Nacional entrevistará a candidata e senadora Simone Tebet, que tem cerca de 2% das inteções de voto.
A eleição presidencial no Brasil tem a primeira volta marcada para 02 de outubro e a segunda volta, caso seja necessária, no dia 30 do mesmo mês.
Ao todo, 12 candidatos disputam as presidenciais: Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D'Ávila, Soraya Tronicke, Roberto Jefferson, Pablo Marçal, Eymael, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.