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Sindicatos alertam contra crise social na África do Sul

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Milhares de trabalhadores afetos à confederação sindical sul-africana (Cosatu), que integra a coligação governante, protestaram hoje contra o aumento do custo de vida no país, incluindo o preço recorde dos combustíveis e do cabaz alimentar básico, alertando para uma crise social.

Em Pretória, pelo menos 3.000 trabalhadores da Cosatu, principal parceiro do Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) na coligação tripartida governante desde a queda do apartheid em 1994, manifestaram-se junto do Union Buildings, a sede do governo na capital do país, alertando o executivo do Presidente Cyril Ramaphosa para "uma crise sócio-económica".

"É uma batalha social", referiu a confederação sindical, acrescentando: "Sem nenhuma ação, o nosso futuro está condenado".

Os sindicatos exigem um aumento do salário mínimo, mais investimento em serviços públicos, nomeadamente na saúde hospitalar e em escolas, assim como na melhoria dos transportes públicos.

Os trabalhadores sul-africanos, que deram a conhecer as suas reivindicações ao ministro na Presidência, Mondli Gungubele, acusaram ainda o partido no poder de "ser o inimigo da classe trabalhadora", criticando também o ANC pela falta de implementação das suas políticas como a nacionalização do Banco de Reserva da África do Sul (SARB), o banco central do país.

O ministro sul-africano salientou que "as questões levantadas devem ser tratadas com prioridade".

O impacto negativo da pandemia da codvi-19, durante a qual cerca de 2 milhões de pessoas perderam o emprego, agravou a taxa de desemprego de 35% na economia mais desenvolvida de África com mais de 60 milhões de habitantes, segundo dados oficiais.

Com uma inflação recorde na ordem dos 7,8%, o aumento do custo de vida na África do Sul foi também agravado por apagões de energia impostos pela estatal elétrica, Eskom, que não consegue gerar eletricidade em quantidade suficiente para abastecer o país.

A invasão russa da Ucrânia também afetou a economia da África do Sul, com o aumento de preço do gás, cereais, produtos alimentares, peças de automóveis, serviços, entre outros, a registarem também níveis recorde, apesar de o governo ter suspendido um aumento da taxa de combustível no início do ano.

A Cosatu, que é a maior confederação sindical no país, e a Federação Africana de Sindicatos do Comércio (SAFTU) acusam o ANC Governante pelo "mau estado da economia do país", que já enfrentava uma recessão antes da pandemia da covid-19.