Seis meses de guerra reforçam isolamento de diplomata russo na ONU
Dezenas de diplomatas uniram-se hoje em torno do embaixador ucraniano na ONU, num gesto de apoio quando se assinalam seis meses de guerra, enquanto o diplomata russo permaneceu sozinho, reforçando o isolamento da Rússia no plano internacional.
Em duas fotografias partilhadas hoje pelo embaixador adjunto do Reino Unido nas Nações Unidas (ONU), na rede social Twitter, é possível ver ilustrado o isolamento russo naquele órgão.
Enquanto numa das imagens é possível ver o momento em que vários diplomatas rodearam o ucraniano Sergíy Kyslytsya, enquanto falava à imprensa junto à sala do Conselho de Segurança, numa outra fotografia vê-se o embaixador russo Vasily Nebenzya completamento sozinho a falar com jornalistas.
"Hoje fiquei junto com Sergíy Kyslytsya e 56 outros países para reafirmar o nosso compromisso com a soberania e integridade territorial da Ucrânia. O embaixador da Rússia ficou sozinho com as suas mentiras e desinformação", escreveu o diplomata do Reino Unido James Kariuki.
"Seis meses após a invasão ilegal, o isolamento da Rússia na ONU é impressionante", advogou Kariuki.
Desde o início da guerra, há precisamente seis meses, a ONU tem sido um dos palcos onde o isolamento da Rússia mais se tem notado.
O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se hoje - num encontro solicitado pela Albânia, França, Irlanda, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos da América - para discutir a situação na Ucrânia, no momento em que se cumprem seis meses da ofensiva militar da Rússia no país, iniciada em 24 de fevereiro.
A reunião também coincide com o aniversário da independência da Ucrânia, declarada em 24 de agosto de 1991, pouco antes da dissolução formal da União Soviética, de que fazia parte.
A reunião contou com a participação de representantes diplomáticos e altos funcionários da ONU, entre eles o próprio secretário-geral, António Guterres, assim como o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que discursou por videoconferência.
Logo após o início da reunião, a Rússia (um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e com poder de veto) opôs-se à participação de Zelensky através de videoconferência, afirmando que esse formato contradiz os requisitos do protocolo do órgão.
"A reunião foi anunciada com uma semana de antecedência e o Presidente da Ucrânia teve todas as oportunidades de vir a Nova Iorque (cidade sede da ONU). Constantemente observamos Zelensky encontrando-se com delegações estrangeiras, circulando pelo país e até posando para revistas de moda", criticou o diplomata russo, Vasily Nebenzya, opondo-se à participação virtual.
A questão foi então submetida a uma votação processual, sendo que 13 dos 15 membros do Conselho de Segurança votaram a favor da participação de Zelensky.
A Rússia votou contra, enquanto a China absteve-se.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
Na guerra, que hoje entrou no seu 182.º dia, a ONU apresentou como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.