Rússia pode lançar esta semana referendos "ilegais" em regiões ocupadas
Os Estados Unidos alertaram hoje que Moscovo pode anunciar ainda esta semana um ou mais referendos "ilegítimos" em territórios ocupados pelas forças russas na Ucrânia, numa tentativa de justificar a anexação destas zonas pela Rússia.
"Temos informações de que a Rússia continua a preparar falsos referendos" em Kherson, em Zaporijia, nas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, bem como em Kharkiv, referiu John Kirby, porta-voz da Casa Branca para assuntos de segurança nacional.
A liderança russa lançou instruções para a preparação destes referendos, sublinhou.
"Na verdade, esperamos um anúncio russo do primeiro ou dos primeiros referendos antes do final da semana", acrescentou.
John Kirby lembrou ainda que os Estados Unidos e a comunidade internacional foram muito claros ao afirmarem que "qualquer tentativa de controlar o território soberano da Ucrânia será considerada ilegítima".
Os Estados Unidos esperam que Moscovo "manipule os resultados destes referendos para fingir que o povo ucraniano quer juntar-se à Rússia", acusou ainda o porta-voz da Casa Branca.
Kirby citou também várias sondagens realizadas nos últimos meses entre a população ucraniana no território ocupado por Kiev, que mostram que mais de 90% dos ucranianos não pretendem ter uma ligação à Rússia.
Por outro lado, o Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou hoje um pacote de ajuda de "longo prazo" no valor de 2,98 mil milhões de dólares (três mil milhões de euros), contemplando nomeadamente sistemas de defesa aérea e de artilharia.
Joe Biden irá conversar esta quinta-feira com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou ainda John Kirby.
"Continuaremos a mobilizar o mundo livre, para encorajar os nossos aliados e parceiros a apoiar a Ucrânia, que está a defender a sua soberania", frisou.
A Ucrânia celebra hoje o aniversário da independência, declarada em 24 de agosto de 1991, pouco antes da dissolução formal da União Soviética, de que fazia parte.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
Na guerra, que hoje entrou no seu 182.º dia, a ONU apresentou como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.