Governo dos EUA já respondeu à proposta do Irão para retoma do acordo
O governo dos Estados Unidos respondeu hoje à última proposta do Irão para retomar o acordo nuclear de 2015, embora nenhuma das partes apresente este processo como concluído.
O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, confirmou que o governo liderado por Joe Biden concluiu a sua revisão das observações do Irão sobre uma proposta europeia.
No entanto, Ned Price não detalhou qual foi a resposta do governo norte-americano, noticiou a agência Associated Press (AP).
"Como se sabe, recebemos as observações do Irão sobre o texto final proposto pela União Europeia (UE) através da UE. A nossa revisão desses comentários foi concluída. Respondemos hoje à UE", sublinhou ainda.
Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão confirmou hoje que recebeu uma resposta dos Estados Unidos sobre os "ajustes" exigidos por Teerão.
"O Irão começou a considerar cuidadosamente a opinião dos Estados Unidos e a República Islâmica do Irão transmitirá a sua opinião ao coordenador [da UE] após esta análise", referiu o porta-voz da diplomacia iraniana, Nasser Kanani.
Espera-se agora que decorra uma nova troca de detalhes técnicos, seguida de uma reunião da comissão conjunta que supervisiona o acordo.
Os novos desenvolvimentos, incluindo campanhas de mensagens públicas intensificadas por Teerão e Washington, sugerem que um acordo pode estar próximo.
Apesar dos progressos, os obstáculos mantêm-se e os principais pontos de discórdia ainda podem comprometer o acordo.
As negociações nucleares iranianas, iniciadas há 16 meses, mas que haviam sido suspensas e retomadas no início de agosto, visam salvar o acordo internacional concluído em 2015 com o regime de Teerão pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) mais a Alemanha, da qual Washington se retirou em 2018 sob a presidência de Donald Trump.
Na segunda-feira, o Irão criticou os norte-americanos pelo "atraso" em dar o seu parecer sobre as propostas iranianas face ao "texto final" apresentado recentemente pela UE.
Já esta quarta-feira, os EUA disseram que o Irão fez cedências em pontos-chave.
De acordo com um alto funcionário norte-americano, Teerão abandonou a sua intenção de bloquear algumas inspeções da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), um assunto altamente sensível de ambos os lados, sem, no entanto, especificar quais.
As inspeções internacionais "vão permanecer em vigor por um período indefinido", se forem acordadas, acrescentou.
Os iranianos exigiram que a AIEA cesse a sua investigação de locais não declarados no Irão, onde foram encontrados vestígios de urânio enriquecido.
O Irão já havia abandonado outro requisito, relacionado com o levantamento da designação da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, como organização terrorista.
Essa exigência, à qual Teerão vinculava qualquer acordo há meses, foi categoricamente recusada pelos Estados Unidos.
Biden não esconde que pretende regressar ao acordo nuclear, tendo oferecido um alívio das sanções ao Irão se Teerão colocar restrições ao seu programa de enriquecimento de urânio.