UA manifesta preocupação pede "cessação imediata das hostilidades" na Etiópia
O presidente da Comissão da União Africana (UA) manifestou hoje "profunda preocupação" pelo recomeço dos combates no norte da Etiópia, apelando a uma "cessação imediata das hostilidades".
Moussa Faki Mahamat "apela fortemente à cessação imediata das hostilidades e apela às partes que retomem conversações para procurar uma solução pacífica" para o conflito, lê-se num comunicado da União Africana.
O Governo etíope e os rebeldes tigray, em guerra desde 2020, declararam uma trégua em março passado, mas hoje ambas as partes confirmaram o recomeço dos confrontos.
No seu comunicado, o presidente da Comissão da UA diz hoje estar "a seguir com profunda preocupação os relatos de uma renovada confrontação militar" na Etiópia.
Reiterando o compromisso da UA "em trabalhar com as partes em apoio a um processo político consensual no interesse do país", Mahamat apela às partes para que se envolvam com o alto-representante da organização no Corno de África, o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo.
A reação do dirigente da UA, organização internacional sediada na capital da Etiópia, surge após o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lamentar também hoje o recomeço dos confrontos e apelar ao fim imediato da violência e regresso ao diálogo.
"Estou profundamente chocado com a notícia do regresso das hostilidades na Etiópia", disse Guterres, à chegada a uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a guerra na Ucrânia, que cumpre hoje seis meses.
O chefe da ONU salientou que as pessoas afetadas pelo conflito em Tigray "já sofreram demasiado" e apelou a "uma cessação imediata das hostilidades e o reatamento das negociações de paz".
O conflito na Etiópia eclodiu em novembro de 2020 após um ataque da Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF), partido que governava a região, contra a principal base do Exército, localizada em Mekelle, após o qual o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, prémio Nobel da Paz em 2019, ordenou uma ofensiva militar após meses de tensões políticas e administrativas.
Ao fim de uma trégua de cinco meses, as forças armadas da TPLF acusaram o exército de lançar uma "ampla ofensiva" no sul do território com o apoio de tropas especiais e milícias da vizinha região de Amhara.
Contudo, o Serviço de Comunicação do Governo etíope respondeu com outra declaração na qual afirmava que a TPLF "lançou um ataque esta manhã" no sul de Tigray.