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Os meandros da política

Muitos políticos caem de pára-quedas na política pela mão dos amigos, mas completamente inaptos para as funções que juram defender

Caros leitores num dos vários meses de férias da classe política vamos falar um pouco destes privilegiados seres que nos (des)governam enquanto eles estão distraídos e não nos ouvem. Quem me conhece sabe que também faço parte desta “família” - embora com um grau de parentesco afastado - mas custa-me pactuar com o rumo degradante que a política segue por culpa de políticos impostores, diametralmente opostos a uma tão nobre causa pública. Claro que não falo do partido A, B ou C porque em todos se passa a mesma coisa.

Perdi a esperança! Cheguei à conclusão que não vale a pena alimentar a ilusão de que a política irá melhorar, pelo contrário, degradar-se-à, pois a governação é feita, na sua maioria, por políticos medíocres sem princípios, sem escrúpulos sem capacidade e sem visão de futuro. Isto sem falar nos energúmenos corruptos cujo único objetivo é aumentar a própria fortuna e a dos interesseiros que se sentam à mesma mesa. O povo? Esses são os peões num tabuleiro de xadrez de quem eles sempre falam, porém, servem apenas para que os reis, as rainhas, os bispos e as torres possam movimentar-se, pois sem peões não haveria “jogo.

Afirmações gratuitas? Não! Quem, como eu, com muitos anos de militância ativa num partido político e conhece os meandros da política, sabe que os vícios começam na formação das juventudes partidárias, adquirindo tendências manhosas e inquinadas instituídas pelos seniores.

Sabe que muitos políticos caem de pára-quedas na política pela mão dos amigos, mas completamente inaptos para as funções que juram defender ou, muitos menos formatados para governar. Invocam o pluralismo democrático, palavra bonita usada e abusada em democracia, para justificar a entrada de amigos e conhecidos aventureiros mas com cabeças ocas que não acrescentam mais valia à causa pública. Se der tacho continuam, se der torto vão embora sem se preocuparem com o partido ou com os seus princípios ideológicos. Sabe que se atribui quotas partidárias às mulheres apenas para que os partidos fiquem bem no retrato social. Obviamente que não falo nas mulheres com muita competência e vontade de servir a causa. Falo naquelas que quase são obrigadas a inscreverem-se num partido apenas para cumprir a lei da paridade mas que não têm paciência nem a mínima apetência para a função. Isto é tão válido para mulheres quanto para homens que não foram talhados para servir a nobre causa da política. Estão ali apenas para aparecerem nos jornais e viverem o ênfase do aplauso mas se perguntarem quem fundou o partido a que pertencem, não sabem responder. Sabe que, sobre o bem comum prevalece as doentias ideologias partidárias, as decisões tendenciosas, as birras políticas eivadas de mentiras e promessas falsas que poderão servir uma causa própria ou partidária mas jamais servirá a comunidade. Sabe que políticos mal formados em conluio com os oligarcas estão na origem da cleptocracia que dá azo às guerras e graves conflitos sociais semeando a miséria e a degradação entre o povo que lhes confiou o voto.

Falo por despeito? Sim, falo! Não por despeito próprio mas por perceber que com a degradação da política as condições de vida da população irão certamente degradar-se e eu vejo-me impotente para travar ou reverter esta triste realidade.

Que me perdoem os poucos políticos honestos e capazes, pois seria injusto metê-los todos no mesmo saco. Esses são as árvores sãs de uma floresta caduca e vêm-se impotentes para reverter tal degradação. Diz um ditado popular que “a política não é para gente séria” todavia o povo não está isente de culpa pois não querem ou não se importam saber quem são os bons políticos ou os oportunistas e sem averiguar da sua capacidade técnica, moral e política.

Nada me move contra a classe política onde tenho muitas e boas amizades, move-me os “engraxadores” incapazes que fazem da política um meio para enriquecer mas não estão para dignifica-la nem servir o povo que os elegeu.

Termino com um exemplo que ilustra cada palavra deste texto: O governante Putin manda atacar a central nuclear ucraniana de Zaporizia, a maior da Europa, colocando em perigo de radiação nuclear, os vizinhos europeus e até o povo russo. Isto é ser um político de bom senso ou um traste que nem a própria casa deveria governar?