Apicultores afectados com a crise na indústria vidreira

Maior problema é a falta de frascos para engarrafar o mel

A varroose, a doença das abelhas causada por ácaro, que conduz ao enfraquecimento dos exames dos enxames, causando o aparecimento de doenças associadas, “tem tido muito impacto na produção [de mel]”, diz João Baptista de Gouveia, empresário apícola do Curral dos Romeiros, freguesia do Monte, Funchal.

Proprietário de 243 colmeias e com uma produção anual a rondar as 7 a 8 mil quilos de mel, este apicultor revela que o tratamento terapêutico e profiláctico da varroose representa um custo de 5 euros por cada colmeia.

“Já tive de tratar umas três ou quatro vezes este ano passado”, revelou esta terça-feira, por ocasião da entrega gratuita, pelo Governo Regional, de medicamentos veterinários para o tratamento da varroose.

Doença que “já vem de muitos anos para trás, mas este ano está pior nas zonas Norte”. Reconhece que este apoio do Governo é “uma importante ajuda”, mas também diz que “este apoio do Governo é uma vez por ano” enquanto o procedimento de combate à doença implica “fazer mais dois ou três tratamentos”, ou seja, “temos que assumir o resto das despesas”.

Garante que o tratamento, se feito correctamente, não põe em causa a qualidade do mel. “É tirar o mel e fazer o tratamento de imediato. Não se pode é fazer o tratamento antes de tirar o mel”, adverte.

Para este empresário apícola o negócio do mel de abelha “está indo bem. O meu mel está vendendo em toda a ilha da Madeira e noutros locais”, mas enfrenta agora um problema: a quebra na produção vidreira. “O maior problema agora é encontrar frascos [de vidro] para engarrafar o mel. Tenho a minha própria melaria e rótulo próprio - marca própria registada - mas não se encontra agora frascos para engarrafar o mel”, queixa-se. Diz que logo que sentiu dificuldade em adquirir frascos, face à crise provocada pelo impacto do preço do gás na indústria vidreira, “comprei tudo o que pude”.

Por não gostar muito de trabalhar com embalagens de plástico, tenta agora desenrascar-se com os ‘modelos’ de frascos de vidro que (ainda) consegue encontrar no mercado. Desta forma procura manter o negócio nos moldes habituais.