Varsóvia junta-se a nórdicos e bálticos para UE recusar vistos a russos
O partido do governo na Polónia, Lei e Justiça (PiS), insistiu hoje na criação de uma frente ou "coligação" de Estados na União Europeia (UE) para proibir vistos a cidadãos russos, que Varsóvia já só concede em situações raras.
O porta-voz do PiS, Radoslaw Fogiel, afirmou que "a proibição de emitir vistos para cidadãos russos deve ser adotada por todos os países da UE" e sublinhou que Varsóvia pretende "formar uma coligação de Estados que o exijam".
Estas declarações surgem um dia depois de o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Szymon Szynkowski vel Sek, ter confirmado que o seu país "limitou a concessão de vistos (a cidadãos russos) a casos de necessidade humanitária, a um grupo muito limitado de pessoas" desde março.
Desde pouco depois do início da guerra na Ucrânia, a 24 de fevereiro, a Polónia só dá vistos aos russos que, devido ao seu trabalho, precisam de atravessar a fronteira polaco-russa, como camionistas, diplomatas ou pessoas com familiares na Polónia ou noutros países da UE.
Até agora não existe unanimidade entre os parceiros da UE nesta matéria, uma circunstância que Vel Sek defendeu que deve "mudar, porque só então terá um efeito real".
Segundo Fogiel, a República Checa, que detém atualmente a Presidência da UE, anunciou há duas semanas que a proibição de vistos para todos os cidadãos russos poderia ser incluída nas sanções da UE já em vigor contra Moscovo, mas "Berlim, no entanto, não concorda com isso".
Outros países europeus que apoiam a recusa de vistos a russos são a Finlândia, a Dinamarca, a Noruega, a República Checa, a Letónia, a Lituânia e a Estónia, cujo governo deixou de permitir a entrada de cidadãos russos no seu país, mesmo que tenham um visto válido para a zona Schengen, desde 18 de agosto.
A Lituânia avançou hoje que poderá procurar uma "solução regional" para proibir os turistas russos de entrarem na UE se os Estados-membros não chegarem a acordo sobre uma sanção à escala da UE.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, disse esperar conversações com a Letónia, Estónia, Finlândia e Polónia sobre o assunto em Praga na próxima semana, à margem de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.
A Estónia, através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Urmas Reinsalu, confirmou recentemente que estudantes e trabalhadores russos que, graças a um visto de Schengen, poderiam até agora residir naquele país do báltico, perderão esse direito, porque "massas de russos podem (...) visitar o Louvre nas suas férias, enquanto crianças são mortas na Ucrânia.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Piotr Wawrzyk, tinha já afirmado, em 14 de agosto, que o seu governo estava a trabalhar numa fórmula legal que lhes permita negar vistos aos russos, mesmo que não haja uma posição europeia comum sobre o assunto.
O porta-voz do PiS foi mais longe e expressou hoje a esperança de que "os países que hoje bloqueiam esta decisão mudem de atitude e, alguns deles, como a Alemanha, decidam finalmente romper com a infame tradição das relações especiais germano-russas".