“Devia ser proibida a importação de abelhas”
Apicultor teme que em breve não haja na Madeira nenhuma raça pura de abelhas
A importação de abelhas estará na origem do surgimento de ‘novas’ doenças que afectam a apicultura na Região e na previsível extinção da raça originária da Madeira. Esta é pelo menos a opinião de Carlos Pestana, apicultor com décadas de experiência no sector.
Proprietário de 20 colmeias nas serras do Porto Moniz, reconhece que a varroose é uma doença que tem vindo a afectar a produção de mel, daí reconhecer a importância do tratamento terapêutico e profiláctico patrocinado pelo Governo Regional.
Admite que o efeito desta doença na ilha da Madeira já se faça sentir desde a década passada. “Isto já tem, se calhar, perto de uns 20 anos. Antigamente não havia nada disto aqui na Madeira”, garante o experiente apicultor.
“Ao importarem abelhas de fora da Região trouxeram as abelhas e as respectivas doenças”, considera. “E agora estamos a braços não só com a varroose, mas com outros tipos de doença”, reforça. Diz mesmo que “um grave problema é a importação de raças de abelhas. Estão a importar raças de abelhas que irá, a seguir, criar híbridos aqui na Região. Esses híbridos não vão ter as características das mães, que vieram importadas, e vão ter características que não vão ser as melhores”, receia, para criticar quem permite a entrada de abelhas importadas. “Estamos a menosprezar a nossa raça originária cá. Estamos a importar raças de fora que depois vão criar híbridos. Penso que mais ano menos ano não temos nenhuma raça pura aqui na Madeira”, vaticina Carlos Pestana, na presença do secretário com a tutela, Humberto Vasconcelos.
Questionado se não faz sentido a importação de abelhas, a resposta foi categórica: “Não de todo. Devia ser proibido a importação de abelhas”, concretizou.
Declarações à margem da cerimónia de entrega gratuita de medicamentos veterinários para o tratamento terapêutico e profiláctico da varroose a 280 apicultores.