Oposição venezuelana solidária com nicaraguenses e pede à comunidade internacional para exigir justiça
A coligação opositora venezuelana Plataforma Unitária Democrática (PUD) condenou "os ataques" do Governo de Daniel Ortega contra a Igreja Católica da Nicarágua e pediu à comunidade internacional para exigir justiça e o fim da perseguição religiosa.
"Os povos da Nicarágua e da Venezuela devem permanecer unidos na luta pela liberdade e apelamos à comunidade internacional para olhar para a Nicarágua e exigir justiça, o fim da perseguição religiosa e o apoio à liberdade do bispo Rolando Álvarez e de todo o povo nicaraguense", de acordo com um comunicado da PUD, divulgado na segunda-feira.
Na nota, a oposição indicou que "todos os membros" da PUD lamentam "a gravíssima violação dos Direitos Humanos a que estão sujeitos os dissidentes" da Nicarágua, onde "a prisão política de quase 200 nicaraguenses, o assédio e a perseguição são características de regimes totalitários como o [do Presidente] Daniel Ortega".
Segundo a oposição venezuelana, a Igreja Católica da Nicarágua "continua a defender os Direitos Humanos" dos nicaraguenses: "por isso que consideramos esta perseguição contra os religiosos um acontecimento muito grave, que visa silenciar as vozes críticas ao regime de Ortega, numa tentativa de esconder as denúncias que têm sido feitas à comunidade internacional".
Por outro lado, a PUD expressou "a mais sincera solidariedade com o povo nicaraguense nestes tempos difíceis em que a valentia e a firme convicção democrática dessa nação, juntamente com a fortaleza e a fé, são essenciais para prevalecer perante a adversidade".
A oposição venezuelana considerou que "este ataque constante à população nicaraguense em geral, e à Igreja Católica em particular, é outro exemplo de como os regimes totalitários como o de Daniel Ortega tentam silenciar as vozes dissidentes e críticas, que denunciam violações dos Direitos Humanos".
"Dado o caráter universal dos Direitos Humanos, acompanharemos os defensores e ativistas da Nicarágua, nas suas reivindicações perante os organismos internacionais que correspondam", concluiu a PUD.
Na sexta-feira, a polícia nicaraguense invadiu o Palácio Episcopal da diocese de Matagalpa e deteve o bispo Rolando Álvarez e sete dos colaboradores.
A detenção ocorreu depois de, no dia 05 deste mês, as autoridades nicaraguenses terem acusado o bispo Rolando Álvarez, de 55 anos, crítico de Ortega, de organizar grupos violentos para atentar contra a população.
No último domingo, o papa Francisco expressou "preocupação e dor" pela situação na Nicarágua.
"Estou a acompanhar de perto, com preocupação e dor, a situação que surgiu na Nicarágua, que afeta pessoas e instituições. Gostaria de expressar a minha convicção e o meu desejo de que através de um diálogo aberto e sincero seja possível encontrar as bases para uma convivência respeitosa e pacífica", disse Francisco, no final do "Angelus", na praça de São Pedro.