Surpreendidos?
Com tantas contratações “cirúrgicas”, o Marítimo, outrora com ambição europeia, arrisca-se a acabar numa qualquer sala de espera
Boa noite!
A época mal começou e com três jogos apenas e outras tantas derrotas, o Marítimo presidencial decide matar saudades da era do “homem só”. Bastaram 12 golos sofridos, zero pontos, exibições confrangedoras, reforços que não são opção e o último lugar da I Liga para que soassem “as medidas drásticas”. É assim no futebol que vive de resultados, que não tem tempo para ensaios, que apressa a formação e que pelos vistos não está tão preparado para a inovação como apregoavam, em tempo de campanha, aqueles que seriam os legítimos vencedores das eleições internas no clube.
Daí estranharmos a confissão do líder da SAD maritimista que assumiu hoje ter ficado "surpreendido" com a ira do presidente do Marítimo. Surpreendido? João Luís, que tem inquestionável alma verde-rubra, mesmo que para alguns isso não represente competência, tinha obrigação de conhecer Rui Fontes, o seu currículo como secretário regional, como gestor desportivo e como presidente do clube. Não é um ilustre desconhecido.
Depois de três derrotas humilhantes, mesmo que duas delas previsíveis, instala-se a histeria. Surpreendido? Há clubes assim, ávidos de negócios e de dinheiro vivo, impacientes com empresários de sucesso e sem tempo para pensar antes de ditar sentenças. Tal como a relva nova, os talentos não se afirmam da noite para o dia, sobretudo se forem noctívagos!
João Luís admitiu também não ser fácil trabalhar num clube ou numa estrutura “onde as pessoas não são desejadas”. Surpreendido? O futebol tanto compensa, como é ingrato, mas neste caso Rui Fontes foi coerente com o que ultimamente tinha vindo a assumir, manifestando desejo de acumular funções até agora partilhadas. Modelos bicéfalos só resultam no CDS e é porque o partido muleta do PSD está no poder.
Carlos Pereira deve estar a rir-se. Surpreendido? Não é para menos. Com tantas contratações “cirúrgicas”, o Marítimo, outrora com ambição europeia, arrisca-se a acabar numa qualquer sala de espera. Basta olhar para a Choupana.