Electricidade sobe 35% em Espanha na terça-feira
A eletricidade em Espanha aumenta 35% na terça-feira, para 365,33 euros o megawatt por hora, o valor mais alto desde 10 de março, dias depois da invasão russa da Ucrânia, e o sexto mais caro de sempre, segundo dados oficiais.
Esta subida resulta dos preços do último leilão de gás no mercado grossista e já leva em conta o mecanismo ibérico, acordado por Portugal e Espanha com a Comissão Europeia, que coloca um preço máximo ao gás comprado pelas empresas de energia para produzir eletricidade.
O mecanismo prevê que as elétricas sejam compensadas pela diferença que lhes custa o gás no mercado grossista e o preço máximo definido pelo mecanismo, sendo que o custo dessa compensação é dividido pelos consumidores com contratos renovados ou assinados depois do final de abril e por todos os que têm, em Espanha, a designada tarifa regulada, indexada aos leilões de gás.
Em Espanha, cerca de 40% dos consumidores têm esta tarifa regulada, uma percentagem significativamente maior do que em outros países, como Portugal, onde dominam as tarifas fixas.
Apesar da subida de 35% do preço de eletricidade em Espanha esta semana, segundo os operadores dos mercados ibéricos elétrico e do gás (OMIE e Mibgas) os consumidores espanhóis com tarifa regulada pagariam ainda mais 110 euros pelo megawatt por hora se não existisse o mecanismo ibérico, que está me vigor desde 14 de junho.
Para além do aumento dos preços do gás, agravado pelo impacto da guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro com uma invasão militar russa, há este ano maior quantidade de gás a ser usada para produzir eletricidade por causa da seca, que reduziu as capacidades de água armazenada em barragens e disponível para produzir energia.
Segundo os dados mais recentes do Governo espanhol, as reservas de água nas albufeiras espanholas estão em 37,9% da capacidade total, o nível mais baixo desde 1995.
Entre 01 de janeiro e 15 de agosto, a produção de eletricidade em centrais hidráulicas em Espanha registou o valor mais baixo desde 1992 e foi metade da média anual para estes meses do ano.
No ano passado, por exemplo, as centrais hidroelétricas espanholas tinham gerado o dobro de energia do que aconteceu este ano (22.6000 gigawatts por hora contra 11.400 este ano), segundo dados oficiais publicados hoje pelo jornal El Pais.
Apesar do aumento da capacidade instalada para usar fontes de energia renovável para produzir eletricidade (como a energia solar), a queda da capacidade das hidroelétricas tem sido substancialmente compensada com a utilização de gás, nas centrais com ciclo combinado.
Ainda assim, nas últimas duas semanas, o consumo de eletricidade em Espanha tem diminuído, tanto em comparação com o mesmo período de 2021 como em relação às semanas anteriores, coincidindo com a entrada em vigor de "medidas urgentes" de poupança aprovadas pelo Governo espanhol.
Na primeira semana em que esteve em vigor esse "plano de choque de poupança e eficiência energética na climatização", que terminou em 15 de agosto, o consumo de eletricidade diminuiu 3,7% em relação à semana anterior e 1,8% comparando com os mesmos dias de 2021.
Na segunda semana, a queda no consumo foi 9,5% em relação aos sete dias anteriores e 8,6% comparando com o ano passado, segundo dados divulgados hoje pelo Governo espanhol.
As medidas adotadas em Espanha para poupar eletricidade incluem a obrigação de o ar condicionado para refrigerar espaços públicos, culturais ou comerciais não poder estar abaixo dos 27 graus. Além disso, a iluminação das montras tem de estar apagada às 22:00 e o mesmo acontece com a de edifícios públicos que a essa hora não estejam a ser usados.
Estas medidas foram aprovadas n âmbito do acordo entre os países da União Europeia para haver uma poupança global no consumo de energia de 15% entre 01 de agosto e 31 de março de 2023, comparando com a média dos últimos cinco anos no mesmo período, atendendo à ameaça de corte de fornecimento de gás à Europa por parte da Rússia.
No caso de Espanha, menos dependente, como Portugal, do gás russo do que outros países da UE, o compromisso é uma poupança de 7%.