Nas vésperas de mais um aniversário: reflexão e desafios
Impedir o desenvolvimento da Universidade da Madeira, por omissão de medidas adequadas, terá certamente um preço a pagar
Criada em 13 de setembro de 1988, a Universidade da Madeira apresta-se a iniciar o ano de preparação para as comemorações alusivas ao trigésimo quinto aniversário da sua existência como única instituição de ensino superior público na Região.
Tal como foi adotado no seu vigésimo quinto aniversário, temos de entender esta data como uma oportunidade de intensificar a reflexão sobre a função cultural, socioeconómica, científica e tecnológica que a Universidade exerce. Para isso será necessário pôr em prática um programa que nos leve a ter uma atitude interna de avaliação das valências que nos identificam, tanto na área da formação, como nas componentes da investigação científica e de serviço à sociedade. Deve essa atitude incluir também a relação com o meio onde estamos inseridos, de modo a avaliar e receber as ideias e propostas que nos ajudarão a prospetivar o nosso futuro.
A Universidade é feita para os cidadãos, para os formar e para os tornar mais competentes na sua relação com o trabalho e com a sua função sociocultural. É, por isso, um fator indesmentível de progresso e de desenvolvimento da sociedade.
Para que este fator, que tem bastamente demonstrado a sua importância durante a ainda curta existência da Universidade da Madeira, continue a ser considerado em toda a sua amplitude e dimensão, é necessário que haja outro tipo de atitude relativamente às nossas pretensões de sempre, de entre as quais sobreleva a questão do financiamento da Instituição. O investimento na Universidade, que tem sido, na sua maioria, realizado através das dotações do Orçamento do Estado, é sempre exíguo e preso a “fórmulas”, sistemática e reiteradamente propensas a não incluir critérios de compensação pela nossa situação ultraperiférica e insular. A solução passa, pois, por aproveitar toda a reflexão, propostas e estudos já apresentados, e celebrar um contrato-programa entre o Governo da República, o Governo Regional e a Universidade da Madeira. A nossa Universidade tem de usufruir desse investimento, para bem da Região Autónoma da Madeira, onde exerce predominantemente a sua atividade, e, por extensão, do desenvolvimento do sistema de ensino superior português.
A reflexão que urge fazer-se neste ano que antecede a celebração do trigésimo quinto aniversário da nossa Universidade não pode deixar de considerar este enquadramento. Impedir o desenvolvimento da Universidade da Madeira, por omissão de medidas adequadas, terá certamente um preço a pagar. Esse preço costuma ser pago pelas instituições mais desfavorecidas e pelas regiões que necessitam da capacitação que só a Universidade pode providenciar.