Trabalhadores portuários do Reino Unido juntam-se a ferroviários em onda de greves
Quase 2.000 trabalhadores do maior porto de contentores do Reino Unido iniciam no domingo uma greve de oito dias por questões salariais, depois de os preços terem subido 10,1%, o máximo em mais de 40 anos. Trabalhadores, incluindo motoristas de guindastes e operadores de máquinas, irão estar em greve no porto de Felixstowe, na costa leste de Inglaterra, que movimenta cerca de quatro milhões de contentores por ano de 2.000 navios.
A greve ocorre quando pessoas em todo o Reino Unido enfrentaram interrupções nas viagens de hoje, pelo terceiro dia desta semana, enquanto milhares de trabalhadores ferroviários prosseguem com um verão de greves em protesto por melhores salários e segurança no emprego, perante a subida de preços dos alimentos e energia. Estima-se que apenas um em cada cinco comboios do Reino Unido circulem hoje, com algumas áreas sem serviços durante o dia todo. Entre os mais afetados pela paralisação estão os fãs de futebol e de críquete, que assistem aos jogos, bem como turistas.
Estas interrupções continuam no domingo e os dirigentes sindicais admitem a probabilidade de mais greves. Na sexta-feira, a maioria das linhas de metro não funcionou devido a uma paralisação separada.
O sindicato Unite afirma que a detentora do porto de Felixstowe, CK Hutchison Holding Ltd, teve como prioridade os lucros em vez de pagar aos trabalhadores um salário decente. As autoridades portuárias, por sua vez, afirmam estar "desapontadas" pelo facto da Unite não ter "vindo à mesa para discussões construtivas para encontrar uma solução". Felixstowe é responsável por quase metade do frete de contentores que entra no país. Esta paralisação pode significar que os navios sejam desviados para outros portos no Reino Unido ou na Europa.
Um número crescente de sindicatos estão a planear greves numa altura em que a Grã-Bretanha enfrenta a sua prior crise de custo de vida em décadas. Os números mais recentes, divulgados no início da semana, colocam a inflação em 10,1%, e um número crescente de britânicos está a lutar para lidar com as contas de energia e de alimentos, cujos preços dispararam, uma vez que os salários não conseguem já acompanhar o custo de vida.
Trabalhadores dos correios, advogados, funcionários da operadora British Telecom e os funcionários que recolhem o lixo já anunciaram paralisações para o final deste mês. Os trabalhadores ferroviários iniciaram uma série de greves em grande escala que paralisaram as viagens nacionais de comboio em junho, exigindo melhores salários e condições de trabalho, enquanto as autoridades tentam reformar o sistema ferroviário, que perdeu grande parte das suas receitas devido à pandemia de covid-19 e à mudança de padrões de deslocação. O governo e os sindicatos dos transportes não chegaram a uma resolução, apesar de meses de negociações.