UE pede libertação de opositor russo no segundo aniversário do seu envenenamento
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, apelou hoje para a libertação do líder da oposição russa, Alexei Navalny, ao assinalar o segundo aniversário do seu envenenamento.
"A UE continua a condenar com a maior veemência possível a tentativa de assassinar Navalny envenenando-o com um agente químico militar do grupo Novichok", disse Borrell num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
Em 21 de agosto de 2020, Navalny foi internado num hospital em estado grave, com suspeita de envenenamento, depois de se ter sentido mal durante um voo para Moscovo que aterrou de emergência na cidade siberiana de Omsk.
Dias depois, as autoridades russas autorizaram a sua transferência para a Alemanha, onde foi tratado na clínica universitária Charité de Berlim, durante 32 dias, por envenenamento por agentes nervosos.
Após ter passado algum tempo na Alemanha, regressou à Rússia em janeiro de 2021, mas foi detido no desembarque em Moscovo.
Navalny, 46 anos, cumpre atualmente uma pena de nove anos de prisão por uma alegada fraude.
A UE "reitera o seu apelo à Rússia para cumprir as suas obrigações ao abrigo da Convenção Europeia dos Direitos do Homem", que inclui a medida provisória do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem exigindo que Navalny seja libertado imediatamente, disse Borrell.
O diplomata espanhol reafirmou também o apelo à Rússia para que cumpra os seus compromissos ao abrigo das convenções sobre armas químicas e investigue o caso de Navalny "com total transparência e sem mais demoras".
Borrell acrescentou que a "guerra injustificada, não provocada e ilegal" da Rússia contra a Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro deste ano, agravou a repressão contra os críticos do Presidente russo, Vladimir Putin, um dos alvos da campanha anticorrupção de Navalny.
Também o chanceler alemão, Olaf Scholz, assinalou o segundo aniversário do envenenamento de Navalny e recordou o seu internamento na Alemanha.
"Nessa altura, falei com ele e conheci um homem corajoso, que regressou à Rússia porque queria lutar pela democracia, pela liberdade e pelo Estado de direito", disse Scholz numa mensagem em vídeo, citado pela EFE.
Scholz disse que a democracia e a liberdade já estavam ameaçadas na Rússia antes do início da guerra na Ucrânia, mas a situação piorou desde então, e muitas pessoas têm medo de falar em público.
"É por isso que é tão importante nestes dias pensar em Alexei Navalny, que continua a ser um homem corajoso e defende os princípios que para muitos cidadãos russos mostram uma boa perspetiva", acrescentou o chefe do Governo alemão.