Primeiro carregamento de cereais ucranianos chega a costas turcas
O primeiro carregamento autorizado de cereais ucranianos desde o início da guerra em 24 de fevereiro chegou no final do dia de hoje ao largo da costa norte de Istambul, no mar Negro, indicou a agência noticiosa AFP.
Proveniente de Odessa, no sul da Ucrânia, de onde zarpou na manhã de segunda-feira com 26.000 toneladas de trigo com destino ao Líbano, o "Razoni", um cargueiro com pavilhão da Serra Leoa, deve passar a noite ancorado ao largo das costas da Turquia e será inspecionado na manhã de quarta-feira à entrada do estreito do Bósforo por uma equipa internacional, precisou o Ministério da Defesa turco.
Esta foi a primeira exportação autorizada na sequência do acordo assinado em 22 de julho em Istambul pela Turquia, Rússia e Ucrânia, através de uma mediação de Ancara e sob a égide das Nações Unidas, para desbloquear os portos ucranianos e tranquilizar os mercados agrícolas.
De acordo com a AFP, o navio, com um comprimento de 186 metros, chegou às costas da Turquia às 19:00 locais (17:00 em Lisboa).
Segundo o Ministério da Defesa, o navio era aguardado "à entrada do Bósforo por volta das 21:00" locais (19:00 em Lisboa).
A inspeção, exigida por Moscovo que pretende assegurar a natureza da carga, será "efetuada por uma delegação composta por representantes turcos, russos, ucranianos e da ONU e de seguida o 'Razoni' seguirá a sua rota", precisou hoje aos 'media' o almirante turco Özcan Altunbulak, responsável pelo Centro de Coordenação Conjunto (CCC) que supervisiona as operações.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de dez milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU confirmou que 5.327 civis morreram e 7.257 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 160.º dia, sublinhando que os números reais deverão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.