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China descreve visita de Pelosi como "atitude extremamente perigosa" dos EUA

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A China considerou hoje que a visita da líder do Congresso norte-americano, Nancy Pelosi, "à região chinesa de Taiwan" demonstra uma atitude "extremamente perigosa" dos Estados Unidos e anunciou que vai efetuar exercícios navais militares a partir de quinta-feira.

Num comunicado divulgado pela agência noticiosa oficial Xinhua, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirma condenar veementemente a visita de Pelosi, que "desconsiderou as severas advertências" de Pequim, e "envia sinais errados" às "forças separatistas que procuram a independência de Taiwan".

"[A visita] é uma grave violação ao princípio de uma só China. [...] Tem um grande impacto nas relações políticas entre a China e os Estados Unidos e infringe gravemente a soberania e a integridade territorial da China, prejudicando gravemente a paz e a estabilidade em todo o estreito de Taiwan", lê-se no comunicado, que adianta que Pequim já apresentou "fortes protestos" contra os EUA.

"Há apenas uma China no mundo. Taiwan é uma parte inalienável do território da China, e o Governo da República Popular da China é o único governo legal que representa toda a China. Isso foi claramente reconhecido pela Resolução 2758 da Assembleia Geral das Nações Unidas de 1971", argumenta-se no comunicado.

Por outro lado, a Xinhua noticiou também que o exército chinês vai realizar entre quinta-feira e domingo exercícios navais militares, que incluem fogo real, em seis áreas marítimas em redor da ilha de Taiwan.

No comunicado, o Ministério da Defesa chinês observou que, desde a fundação da República Popular da China, em 1949, 181 países estabeleceram relações diplomáticas com Pequim "com base no princípio de uma só China".

"O princípio de uma só China é um consenso universal da comunidade internacional e uma norma básica nas relações internacionais", insistiu.

Para Pequim, Taiwan é uma das questões "mais críticas e sensíveis" nas relações bilaterais com Washington.

"Este Governo dos EUA [de Joe Biden] prometeu repetidamente defender a política de uma só China e parar de apoiar a 'independência de Taiwan'. No entanto, as ações e declarações recentes foram no caminho oposto dessas promessas", acrescenta-se no comunicado.

Nesse sentido, o Governo chinês insta os Estados Unidos a "cumprir as promessas", a "interromper qualquer intercâmbio oficial com a região chinesa de Taiwan, e a "parar de interferir nos assuntos internos da China".

"Qualquer tentativa injusta de reverter a história, tornar Taiwan um problema ou pôr em perigo a soberania e a integridade territorial da China está destinada ao fracasso e terá um preço a pagar", ameaçou.

 A líder do Congresso norte-americano aterrou cerca das 15:43 (hora de Lisboa) em Taiwan, apesar de a China ter ameaçado com "consequências desastrosas" caso se confirmasse a visita de Pelosi àquele território.

Hoje de manhã, a agência de notícias de Taiwan CNA informou que um navio contratorpedeiro, várias fragatas e navios de telecomunicações da Marinha de Guerra chinesa estavam a caminho da ilha de Lanyu, no sudeste de Taiwan.

Também os Estados Unidos mobilizaram porta-aviões próximos do estreito de Taiwan e estão em estado de alerta.

A imprensa norte-americana avançou, na semana passada, a possibilidade de a viagem à Ásia de Pelosi passar por Taiwan, e tanto representantes militares como civis chineses alertaram para as possíveis consequências da visita da responsável norte-americana.

A China reivindica soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província rebelde desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para lá, em 1949, depois de perder a guerra civil contra os comunistas.

Taiwan, com quem o país norte-americano não mantém relações oficiais, é uma das principais fontes de conflito entre a China e os EUA, principalmente porque Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan e seria o seu maior aliado militar em caso de conflito com o gigante asiático.