Instalação de mísseis hipersónicos em Kaliningrado não reduz tensões geopolíticas, avisa NATO
A NATO avisou hoje a Rússia de que o destacamento de aviões de combate armados com mísseis hipersónicos para o enclave de Kaliningrado não ajuda a reduzir as tensões geopolíticas e garantiu que defenderá "cada centímetro do território aliado".
Um porta-voz da NATO explicou à agência noticiosa Europa Press que Kaliningrado é uma "área altamente militarizada, inserida na escalada militar da Rússia junto às fronteiras da NATO", neste caso, próximo da Polónia e da Lituânia, ambos países-membros da aliança.
"A brutal agressão da Rússia contra a Ucrânia alterou a situação de segurança na Europa e é difícil ver como este destacamento pode ajudar a reduzir as tensões", afirmou o porta-voz.
A NATO recordou ainda que reforçou as suas capacidades de dissuasão e defesa no lado oriental e que está a acompanhar de perto a situação na região.
De acordo com o porta-voz, a organização internacional "defenderá cada centímetro do território aliado", em conformidade com a política aplicada nos últimos meses na Ucrânia, em que a NATO evitou a intervenção direta na Ucrânia, atribuindo aos membros a responsabilidade de enviar armas para Kiev e repelir a ofensiva russa.
Na passada quinta-feira, o Ministério da Defesa russo anunciou o envio de três caças MiG-31 com mísseis hipersónicos Kinzhal para o aeródromo de Chkalovsk, que permanecerão em "serviço de combate 24 horas por dia" como parte das medidas estratégicas adicionais de dissuasão, de acordo com uma declaração de defesa enviada à agência noticiosa russa TASS.
A Rússia afirma que o Kinzhal tem um alcance de até 2.000 quilómetros e voa a 10 vezes a velocidade do som, dificultando a intercetação.
Estes mísseis de última geração têm sido usados para atingir vários alvos na Ucrânia, país que a Rússia invadiu a 24 de fevereiro.
O anúncio surge na sequência de críticas e ameaças de Moscovo a países que têm feito entregas de armas à Ucrânia, incluindo a Polónia e as nações do Báltico.
Segundo a Rússia, as entregas de armas pelos Estados Unidos e seus aliados para defesa da Ucrânia "prolongam o conflito" do país que invadiu.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de seis milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU confirmou que 5.514 civis morreram e 7.698 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 176.º dia, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.