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O que podemos observar com um telescópio?

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Imagens vivas e coloridas da Galáxia, planetas e aglomerados de estrelas atraem aqueles que são fascinados pelo espaço, ocupados pela abundância de estrelas e desejosos por ver as maravilhas do Universo. Inspirados pela experiência de astro fotógrafos, alguns de vocês poderão querer adoptar este hobby encantador. Por um lado, parece muito fácil: ao contrário de, por exemplo, patinar ou praticar golf, em que é necessária uma aptidão específica. Simplesmente é necessário comprar um telescópio com uma lente adequada, esperar até escurecer e já está - pode contemplar a vista de estrelas radiantes. Algumas pessoas até pensam que, assim que apontam o telescópio para o céu noturno, vão começar a surgir planetas multicoloridos do tamanho de uma bola de futebol, bem como aglomerados de estrelas e até as galáxias – como acontece nos filmes. Ou até mesmo que um cometa irá voar até si e agitar a sua cauda brilhante? Infelizmente não. Os mais inteligentes provavelmente já compreenderam que a realidade é um pouco diferente. Não obstante, é certo que o uso adequado de um telescópio permitirá que veja inúmeros objetos espaciais que vão deixá-lo sem palavras. Caso esteja curioso e tentando compreender como começar este passatempo fascinante, não se preocupe que vamos ajudá-lo. Basta seguir este artigo que o vai aconselhar e responder às perguntas frequentes de alguns principiantes na área da astronomia.

Para começar, vamos entender como funcionam os telescópios. Antes de mais, temos de esclarecer que o poder de ampliação - capacidade para ampliar objetos distantes - não está propriamente relacionado com a qualidade de imagem do telescópio. Assim, mesmo o telescópio mais barato consegue ampliar até onde queira, contudo não significa que será capaz de observar algo. Posto isto, a característica crucial num telescópio é a sua resolução. Imagine, por exemplo, a câmara do telefone - consegue lembrar-se dos telefones antigos da marca “Nokia” que possuíam câmaras de 1 a 2 megapixéis? Agora compare-as com uma câmara do IPhone 12. A verdade é que ambas são praticamente iguais no sentido em pode aumentar e diminuir o zoom. Mas de facto, as fotos que tiram são completamente distintas: uma é embaciada, sem qualquer detalhe, enquanto a outra é brilhante e bonita – sendo até capaz de ver a ponta das suas pestanas. Isto porquê?  É tudo uma questão de resolução. O mesmo princípio aplica-se aos telescópios. Imaginemos então que o telescópio é como uma “câmara” ajustada no seu olho. Ao comprar uma “câmara” simples e barata, poderá ver claramente os objetos ampliados até 70 vezes, mas ao aumentar, cada vez mais, os objetos tornar-se-ão escuros e imprecisos. Em contrapartida, adquirindo uma câmara superior, poderá obter uma ampliação de até 500 vezes e constatar que não perderá a qualidade de imagem e o tamanho dos objetos permanecerão iguais.

A resolução é medida em segundos angulares (é apenas 0,00028 graus). Quanto maior o diâmetro da lente melhor será a resolução e consequentemente conseguimos avistar os objetos mais distantes. Efetivamente, para conseguir uma qualidade de imagem superior, a ampliação não deve exceder o diâmetro da lente em milímetros. Por exemplo, uma lente de 100 mm será perfeita para uma ampliação de 100x. Quando a lente é de boa qualidade e as condições atmosféricas são normais, há quem aumente a ampliação em até 1,5 ou 2 vezes, contudo, a nosso ver, não é recomendável aumentar a ampliação.

Certamente está desejoso para descobrir tudo aquilo que pode contemplar com o telescópio e estamos prontos para lhe mostrar, mas primeiro vamos eliminar alguns mitos populares:

Consigo ver os satélites?

Não, eles movimentam-se muito rápido. Dificilmente conseguiria vê-los.

Consigo ver estrelas através do telescópio?

Sim. Descobrir ou ver os detalhes – já não. A única estrela que pode ver detalhadamente é o sol.

Se tem grandes expetativas de examinar os discos estelares ao detalhe e descobrir as diferenças entre as estrelas da constelação da Ursa Maior e as da Ursa menor – fique já sabendo que isso não será possível. A estrela mais próxima do nosso sistema solar, Proxima Centauri, é 7 vezes menor que o Sol e encontra-se a 4 anos-luz de distância. Para conseguir vê-la, seria necessário um telescópio com lente de 140 metros de diâmetro o que é impossível fazê-lo da Terra. Atualmente, o maior telescópio ótico que existe, o Grand Canary Telescope, tem um espelho com 10,4 metros de diâmetro. Desta forma, num futuro próximo seremos meramente capazes de ver as estrelas como pontos pequenos brilhantes, rodeados por anéis concêntricos.

E que tal ver as pegadas do primeiro homem que pisou a lua? A bandeira americana? O veículo Rover lunar?

Não. Então, surge a questão - porque vemos galáxias inteiras que estão muito distantes, mas não é possível ver os objetos na Lua de perto? Pelo mesmo motivo que as estrelas que estão distantes: o poder de resolução de qualquer telescópio ótico é muito pequeno para ver tais objetos minúsculos, embora estejam a uma distância muito menor. Usando o mesmo telescópio - Grand Canary Telescope – conseguirá distinguir objetos desse tamanho a uma distância máxima de 10.000 km. E visto que a Lua está a uma distância de 380 mil km do planeta Terra, o objeto mais pequeno que podemos visualizar deve ter pelo menos 20m de comprimento. Além do mais, as galáxias brilham e destacam-se no fundo escuro do espaço astral, enquanto por outro lado os objetos que são deixados na lua não são realçados. O contraste com a superfície é nulo e o máximo que somos capazes de ver é uma sombra fraca.

  1. A Lua

A Lua é o único satélite da Terra e também um objeto maravilhoso de observação. Um pequeno telescópio será suficiente para observar as inúmeras crateras, fendas, mares e ranhuras que existem na lua. Seja com 100x ou até mais de ampliação, a Lua não irá caber no campo de visão do seu telescópio por isso terá de efetuar a observação por fases. Com condições meteorológicas favoráveis, poderá observar a Lua todas as noites dependendo da mudança de fases, para assim poder analisar cada detalhe.

  1. O Sol

Esta é a única estrela que conseguimos observar, de forma ideal, através de um telescópio. Antes de tudo certifique-se que possui um filtro solar fiável e tenha consciência que óculos escuros, discos ou outras coisas relacionadas com DIY são altamente inaceitáveis! O Sol só pode ser observado através de um filtro solar especial, caso contrário poderá danificar os seus olhos, podendo levar à cegueira completa. Os astrónomos costumam até dizer uma piada sobre esta situação: “Poderá ver o Sol pelo telescópio sem um filtro solar apenas duas vezes na vida: primeiro com um olho, depois com o outro”. É mesmo imperativo um filtro solar adequadamente fixado com segurança no tubo do telescópio para então começar as suas observações a esta estrela. As dimensões de um telescópio, mesmo que sejam menores, permitirá ver as manchas solares – manchas escuras na superfície brilhante do sol. Ao observar esses pontos, todos os dias, poderá realmente observar a rotação do Sol que gira com uma frequência de 25 dias.

  1. Planetas

Poderá observar os planetas do Sistema Solar no seu telescópio, estes não vão parecer tão grandes e brilhantes como nas fotos tiradas pelas naves espaciais. Em vez disso, assemelham-se com pequenos pontos brilhantes. Por exemplo, o planeta Mercúrio surge como uma estrela ao observá-lo com um telescópio pequeno ou caso seja com um telescópio maior, poderá ver a sua fase – um pequeno “gancho”.

Sabia que o objeto mais brilhante no céu depois do Sol e da Lua é o planeta Vénus, que por sua vez, também é chamado de estrela da manhã. Às vezes, poderá até conseguir ver a olho nu, durante o dia, e compreender que está coberto por uma atmosfera opaca densa – assim sendo, não é possível distinguir nenhum detalhe na sua superfície - poderá exclusivamente ver as fases semelhantes às fases lunares.

Já no caso de Marte, mesmo com um telescópio grande, é apenas visível como um círculo pequeno. Há um mito que podemos observá-lo pelo menos 1 vez por ano, como um enorme disco vermelho, do tamanho de duas luas mas tal não se verifica – é apenas um mito. Durante o chamado período de oposição, ou seja, quando a distância entre Marte e a Terra é mínima, conseguirá visualizar as manchas escuras no planeta, que são designadas de mares.

Saturno definitivamente não o deixará dececionado, pois este é talvez o planeta mais bonito. Os anéis são visíveis mesmo com um telescópio pequeno, mas é certo que será mais vantajoso se observá-lo com telescópio de pelo menos 200 mm de diâmetro. Consequentemente poderá ver os seus satélites, a divisão principal entre os anéis, denominada de Lacuna da Cassini e os cinturões nebulosos.

No que toca a Júpiter, este foi o primeiro planeta a ser observado por astrónomos antigos e é caraterizado por ser ligeiramente achatado devido à sua rápida rotação em torno do seu eixo. Mesmo possuindo um telescópio com menores dimensões poderá ver duas faixas no disco do planeta – são os cinturões nebulosos. Se olhar através de um telescópio de maiores dimensões poderá ver entre 5 e 6 bandas, bem como o famoso vórtice gigante num formato de uma mancha vermelha. E ainda consegue localizar quatro satélites galileus: lo, Europa, Ganímedes, Calisto, que projetam as suas próprias sombras para Júpiter quando passam à frente dele. Por fim, Úrano e Neptuno somente são vistos como pontos brilhantes verde-azulados, qualquer que seja o telescópio que tenha.

  1. Galáxias

Sabemos que cada galáxia tem bilhões de estrelas, mas só podemos vê-las apenas como pequenos pontos brancos e com uma ampliação maior poderá observar as suas formas e braços espirais. As inúmeras fotografias coloridas de galáxias que existem são tiradas com câmaras eletrónicas, com uma longa exposição, quando a luz se acumula na matriz da câmara e o resultado revela-se muito brilhante. No entanto, vemos os objetos espaciais principalmente a preto e branco, pois os nossos olhos são incapazes de aguentar longas exposições. Uma das galáxias que se encontra mais próxima da Terra é a Nebulosa de Andrômeda, com uma distância de cerca de 2,5 milhões de anos-luz. Por causa dessa distância que apesar de dizermos que é “próxima” é relativamente grande, só era possível ver como era há cerca de 2,5 milhões de anos atrás, quando não existiam pessoas na Terra.

  1. Aglomerados de estrelas

Aglomerados de estrelas, podem ser esféricos ou dispersos. Todas as estrelas do aglomerado estão interligadas pela gravidade e mexem-se, no campo gravitacional, como um só. Os aglomerados dispersos geralmente têm uma forma aleatória e não se concentram no meio. Um dos mais famosos são as Pleiades, situado na constelação de Touro, onde pode ver os aglomerados espalhados, mais ou menos como se fossem estrelas empilhadas. As esféricas parecem pontos redondos, que se transformam em estrelas se usar o telescópio com lentes de 150 mm ou mais de diâmetro, assemelhando-se a um enxame de abelhas pois quanto mais perto do centro, mais densamente estão localizados um ao outro.

6.      Nebulosas

As nebulosas são como as galáxias que geralmente são observadas quando o céu se encontra muito escuro. No entanto, o ideal é ir mais longe, por exemplo para o campo pois a iluminação urbana pode estorvar toda esta experiência. Apenas poderá ver as nebulosas a preto e branco, porque o olho humano é incapaz de acumular luz e é insensível às cores no escuro. Imagine, por exemplo, que está num quarto escuro e olha em seu redor – verá todos os objetos em tons de cinza. Os nossos olhos mudam do modo de “sensibilidade à cor” para o modo “fotossensibilidade”. Se quiser ver as nebulosas detalhadamente, terá de utilizar um telescópio com um diâmetro de pelo menos 200 mm embora mesmo com um telescópio pequeno poderá ainda ver a Nebulosa de Orion, o Anel na constelação de Lyra, a Nebulosa do Haltere na constelação de Vulpecula e muitos outros.

7.      Cometas

Os cometas surgem no céu noturno muitas vezes durante o ano. Só necessita saber onde e quando pode procurá-los (para tal, seria bom possuir um calendário de eventos astronómicos). Assim como as nebulosas e as galáxias, os cometas são visíveis como pequenos pontos brilhantes, mas também possuem cauda. Cometas grandes e brilhantes são raros de se ver; mas tais acontecimentos, quando acontecem, são falados em todas as notícias astronómicas, o que é impossível perdê-los.

8.      Objectos baseados na Terra

Além de utilizar o seu telescópio para as observações espaciais que falamos anteriormente, poderá também usá-lo como uma lupa gigante. Por exemplo, quer ver uma casa que está no topo de uma montanha? Consegue ver o que está escrito numa placa longe de si? Com o telescópio consegue ver tudo isto e muito mais. Apesar disso, salientamos que um telescópio astronómico lhe dá uma imagem invertida, pelo que necessita de um prisma adicional para observações feitas na Terra, exceto alguns telescópios que já vêm com a correção de imagem.

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