Lá se foi o sossego
Estamos de volta para mais uma série de reflexões de fim de jornada informativa
Boa noite!
Estamos de volta para mais uma série deste ‘Boa noite’ numa era em que qualquer gesto tem leituras inimagináveis, quase sempre de carga contrária à bondade da sua origem.
Se escrevo sugerindo aquilo que preconizo de melhor para a Madeira é porque estou feito com a oposição, que até tem lema eleitoral a condizer e um lugarzinho mediático para me oferecer. Se opino a propósito dos divisionismos reinantes no PS-M, mais valia estar quieto já que estou a favorecer a maioria, a mesma que apoia com 300 mil euros o meio de comunicação onde trabalho, ao abrigo do equitativo Mediaram. Se analiso com honestidade o que me parecem ser anomalias do sistema e alguns caprichos dos poderes é porque não passo de “ressabiado” ou “incenDIÁRIO”.
Se tiro férias é porque fui encostado. Se trabalho de sol a sol lá se foi o sossego. Mas isto não é nada de pessoal. Noutros domínios a lógica reinante assente no ser do contra, não importa como e com que argumentos. Julgam alguns iluminados que o expediente vende e dá mais notoriedade, leia-se ‘likes’, partilhas e afins.
Assim, se os resultados turísticos da Madeira são bons e há um novo recorde de dormidas e de proveitos, feito com base em números que se presumem rigorosos, é porque a estatística regional está transformada em braço armado da propaganda oficial. Mas se fossem maus era porque os alegados “nabos na promoção” não dão conta do recado e nem martelar taxas sabem, apesar de serem bem pagos e terem um orçamento de luxo para gastar.
Se o Marítimo inova na gestão desportiva tendo um presidente para o Clube e outro para a SAD é que se está a pôr a jeito para, mais dia, menos dia, ser entregue a um qualquer investidor privado. Se Rui Fontes fosse omnipresente era centralista e reles precursor da estratégia que vitimou “o homem só”.
Se o arraial do Monte fosse desregrado, com foguetes trepidantes e ritmos modernos estridentes, não faltariam reparos à adulteração da fé e ao desrespeito pela memória das vítimas da queda da árvore em 2017. Como foi compreensivelmente mais contido do que era habitual, não faltaram críticas aos que são acusados de atentarem contra a tradição.
Se o António Maçanita paga bem pelas uvas de qualidade do Porto Santo não faz mais do que o seu dever. Mas mesmo assim há quem julgue que o enólogo exagera e assim vai vindimar o pouco que resta da ilha turística...
A objetividade colectiva é cada vez mais rara. Em rigor, só os números do Euromilhões são inquestionáveis. Tudo o resto é relativo. E andamos nisto, o que é uma alegria, apesar das chatices geradas a terceiros.