Liberdade condicional para 22 suspeitos de instigarem violência na África do Sul
Um tribunal sul-africano concedeu hoje liberdade condicional a 22 suspeitos de estarem entre "instigadores" dos distúrbios que resultaram na morte de 350 pessoas em julho de 2021, o pior foco de violência desde o fim do 'apartheid', foi anunciado.
O Tribunal Central de Magistrados de Durban, província sul-africana de KwaZulu-Natal, sudeste do país, condenou 21 suspeitos a liberdade condicional mediante o pagamento de uma caução individual de 3.000 rands (177 euros), segundo o Ministério Público (NPA) sul-africano, citado pela imprensa local.
Um 22.º indivíduo foi igualmente libertado apenas com uma advertência do tribunal, adiantou.
Os detidos compareceram no tribunal em Durban, sob acusações de conspiração para cometer violência pública, incitação à violência pública e incitação a fogo posto.
O Ministério Público sul-africano salientou que as autoridades policiais esperam realizar mais detenções nos próximos dias.
Na sessão de comparência no tribunal de Durban, alguns dos suspeitos vestiram camisolas do Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder desde 1994 na África do Sul.
O tribunal adiou o caso para 26 deste mês.
Na quinta-feira, a unidade de investigação criminal (Hawks) da Polícia sul-africana anunciou a detenção de 20 pessoas, em simultâneo em várias províncias do país, incluindo Gauteng, KwaZulu-Natal e Western Cape.
Em julho de 2021, a África do Sul foi sacudida por uma onda de tumultos e saques em Joanesburgo e na província de Kwazulu-Natal (leste), que matou mais de 350 pessoas.
A violência eclodiu inicialmente após a prisão do ex-presidente Jacob Zuma (2009-2018), condenado por desacato à justiça, e que enfrenta vários escândalos por corrupção pública.
Mais de 8.000 incidentes foram registados pela polícia, resultando em 5.500 detenções, sendo que 2.435 casos ainda aguardam julgamento.
A violência também foi um sinal de um clima social e económico tenso, segundo analistas sul-africanos.
Após quase três décadas no poder, o ANC enfrenta um declínio no apoio do eleitorado, abaixo dos 50%, segundo sondagens locais em novembro. O partido é amplamente criticado pela incerteza política, e a corrupção pública e o crime que são galopantes no país, e pelo empobrecimento generalizado da sociedade sul-africana.