Projecto de 2,5 milhões de euros vai criar centro investigação na Peneda-Gerês em Arcos de Valdevez
A Branda de São Bento do Cando, no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), em Arcos de Valdevez vai ser dotada, em 2023, de uma estação internacional de investigação, num investimento de 2,5 milhões de euros, disse hoje o presidente da câmara.
"O que pretendemos criar é uma estação científica, em plena Branda de São Bento do Cando, no PNPG. Será um local para os cientistas estudarem, fazerem trabalho de campo, laboratorial e que será dotado de alojamento", afirmou João Manuel Esteves.
Em declarações à agência Lusa, o autarca social-democrata adiantou que o projeto, já apresentado publicamente, vai ser candidatado ao próximo quadro comunitário de apoio" e prevê intervenções em um conjunto de edifícios da Confraria de São Bento do Cando, dando-lhes novos usos e mantendo o apoio sazonal aos peregrinos que acorrem à freguesia da Gavieira, um importante polo de peregrinação em devoção a São Bento.
"A obra será desenvolvida durante o ano de 2023 com a reabilitação de edifícios que serão adaptados. Está previsto um centro de 'coworking', laboratórios, alojamento para os cientistas e peregrinos, entre outras estruturas".
Segundo João Manuel Esteves, "a parte científica do projeto prevê a atribuição de bolsas para doutoramentos e projetos de investigação".
O autarca sublinhou estar já firmando um acordo de cooperação da Branda Científica com as universidades do Porto, do Minho, de Trás-os-Montes, com os Institutos Politécnicos de Viana do Castelo e Bragança, bem como com a Universidade de Vigo e de Santiago de Compostela, na Galiza.
"É o mundo científico da eurroregião Norte de Portugal/Galiza vinculado no desenvolvimento deste projeto científico", destacou.
A Branda Científica, projetada pela Câmara de Arcos de Valdevez e pela associação Biopolis [maior projeto português em biologia ambiental, ecossistemas e biodiversidade] ficará localizada em pleno coração do PNPG, para "responder aos desafios da Estratégia Europeia para a Biodiversidade 2030, e do European Green Deal".
Aquela estação científica "apoiará a investigação interdisciplinar de suporte no âmbito do restauro da biodiversidade e ecossistemas na Europa e da gestão sustentável dos recursos naturais, nomeadamente no domínio das montanhas, que são verdadeiras sentinelas das alterações climáticas".
Irá também apoiar investigação sobre os recursos culturais, que formam parte integral da paisagem no espírito da Convenção Europeia da Paisagem.
As brandas são um tipo de povoamento na Serra da Peneda que significa "aldeia de Verão". Nesta região, os pastores e as suas famílias movimentavam-se entre as inverneiras (aldeias de Inverno) e as brandas todos os anos, procurando a proteção dos elementos no inverno e as pastagens frescas no verão.
"Numa versão moderna deste conceito, a branda será uma aldeia de verão para os cientistas do Biopolis e das várias instituições participantes.
A Branda Científica de São Bento do Cando terá condições para acolher cursos de doutoramento e mestrado de curta duração, trabalho de campo de investigadores, tendo para além dos alojamentos um conjunto de laboratórios de suporte. Irá ainda funcionar como espaço para apoio a 'workshops' com investigadores.
Naquele concelho "decorrem já um conjunto de trabalhos de investigação, desde a arqueologia à ecologia, que têm resultado numa obra científica reconhecida a nível internacional e que entre outros aspetos levou à descrição de novas espécies para a ciência e novos sistemas de monitorização da biodiversidade, mas agora esses trabalhos irão ter o apoio infraestrutural que lhe permitirão abraçar novos desafios científicos".
O projeto conta com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), do Ministério da Coesão Territorial, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia - FCT.