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AIEA não vê ameaça imediata em Zaporijia mas alerta para gravidade da situação

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Foto EPA/RUSSIAN EMERGENCIES MINISTRY HANDOUT

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) disse hoje que análises preliminares indicam não haver "ameaça imediata" à segurança nuclear após ataques à central ucraniana de Zaporijia, mas alertou que a situação é grave e "pode mudar" rapidamente.

O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, informou o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os últimos desenvolvimentos em Zaporijia, a maior central atómica da Europa, atualmente sob controlo russo e que foi alvo de vários bombardeamentos nos últimos dias.

Grossi insistiu que todas as atividades militares na área devem parar imediatamente e pediu novamente a todas as partes que facilitem uma visita de especialistas da AIEA para analisar a situação no terreno "o mais rápido possível".

"A situação é grave e a AIEA deve ser autorizada a realizar a sua missão em Zaporijia o mais rápido possível", apelou Rafael Grossi, que participou por videochamada nesta reunião de emergência do Conselho de Segurança, convocada pela Rússia.

"O tempo está a esgotar-se", insistiu, uma vez que a AIEA tenta há semanas enviar uma missão para inspecionar aquela central.

Esta é a segunda reunião formal do Conselho de Segurança sobre a segurança das instalações nucleares na Ucrânia, num momento em que Kiev e Moscovo trocam acusações sobre a natureza dos recentes incidentes de segurança na fábrica.

Os aliados da Ucrânia, enfatizando a necessidade da missão da AIEA, apontaram a responsabilidade russa perante o Conselho de Segurança.

"A solução para o que está a acontecer em Zaporijia é simples. Os Estados Unidos pedem à Federação Russa que retire imediatamente as suas forças do território ucraniano", disse a subsecretária de Estado para o Desarmamento norte-americana, Bonnie Jenkins.

"Como disse o diretor-geral da AIEA, as ações da Rússia violaram quase todos os seus sete pilares de segurança e proteção nuclear. As ações da Rússia são contrárias aos princípios da Convenção de Segurança Nuclear e outras convenções internacionais de segurança nuclear, e colocam em risco a segurança de milhões que seriam afetados por um incidente nuclear na Ucrânia", disse, por sua vez, o embaixador do Reino Unido James Kariuki.

O diplomara avaliou ainda que é a a contínua invasão e presença militar da Rússia que está a colocar a central em risco e, assim, a colocar em risco a população local, a região mais ampla e toda a comunidade internacional.

Por sua vez e sem surpresa, o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, culpou Kiev e os seus aliados.

"Pedimos aos Estados que apoiam o regime de Kiev (...) que o forcem a acabar de uma vez por todas com os ataques contra a central de Zaporijia", e que a ONU e a AIEA digam às autoridades ucranianas que as suas ações são "inaceitáveis", declarou Nebenzia.

"A verdadeira escala de um desastre nuclear na central é difícil de imaginar. A responsabilidade total caberia aos apoiantes ocidentais de Kiev", insistiu o diplomata russo, classificando as acusações contra Moscovo de "surreais", "cínicas e absurdas".

Para garantir a segurança do local e permitir uma missão de fiscalização, o secretário-geral da ONU, António Guterres, e os Estados Unidos pediram hoje o estabelecimento de uma zona desmilitarizada ao redor da central nuclear.

"Infelizmente, em vez de uma desescalada, incidentes ainda mais perturbadores foram relatados nos últimos dias, incidentes que, se continuados, podem levar a uma catástrofe", disse António Guterres em comunicado.