Trump invocou 440 vezes direito de não responder a questões em audiência em Nova Iorque
O ex-presidente norte-americano Donald Trump invocou na quarta-feira, durante uma audiência juramentada perante a Procuradoria-Geral de Nova Iorque, o seu direito de não responder a perguntas por 440 vezes, noticiou hoje a imprensa local.
Na quarta-feira, Trump foi interrogado por várias horas em Manhattan, nos escritórios da procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, que investiga civilmente desde 2019 o antigo chefe de Estado por suspeitas de fraude financeira e fiscal dentro da Trump Organization.
De acordo com um dos advogados de Trump, Ron Fischetti, citado pelo canal televisivo NBC, a única resposta que o seu cliente deu foi indicar o seu nome.
Uma fonte familiarizada com o assunto disse ao canal que o 45.º Presidente dos Estados Unidos da América invocou o direito de permanecer em silêncio 440 vezes e de não responder a perguntas de magistrados e investigadores de Nova Iorque - direito previsto na 5.ª Emenda da Constituição norte-americana.
Segundo o jornal Washington Post, também citando uma fonte anónima dada a confidencialidade da audiência juramentada, Donald Trump recusou-se mais de 400 vezes a responder perguntas sobre os seus negócios, a valorização do seu património e o seu endividamento.
"Mesma resposta" - isto é, o direito constitucional de não responder - assim declarou sistematicamente o político republicano, de acordo com o Washington Post.
Contactados pela agência France-Presse (AFP), nem o escritório de Letitia James, nem os advogados de Trump, responderam aos questionamentos.
Assim que chegou ao escritório de Letitia James na quarta-feira, o bilionário republicano anunciou num comunicado à imprensa que invocaria a famosa 5.ª emenda da Constituição dos Estados Unidos, que permite que qualquer litigante não testemunhe contra si mesmo.
Letitia James, procuradora eleita pelo Partido Democrata, confirmou essa informação num comunicado de imprensa muito breve após o seu encontro cara-a-cara com o empresário, assegurando que vai continuar com a investigação, porque "ninguém está acima a lei" nos Estados Unidos.
Contudo, a decisão do ex-presidente de invocar o seu direito previsto na 5.ª emenda ocorre quatro anos após ter dito que esse é um direito que os mafiosos usam, recordou a imprensa local.
"Vocês veem que a máfia usa a 5.ª Emenda", disse Trump em abril de 2018. "Se você é inocente, porque é que está a usar a 5.ª Emenda?", reforçou na ocasião.