SJ lamenta "generalização" feita pela ERC a propósito da queixa do director do Página Um
A direção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) lamentou hoje a "generalização feita" pela ERC no comunicado sobre o diretor do Página Um, considerando que, além de ser perigosa, é "quase sempre" desnecessária.
Na terça-feira, em comunicado, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) condenou e repudiou a "atitude abusiva" de "um cidadão de nome Pedro Almeida Vieira [diretor do Página Um]" que tem exercido "coação" sobre os funcionários do regulador que o atendem e insultado o Conselho Regulador e informou que iria acionar mecanismos legais e judiciais, tendo a dona do título, entretanto, anunciado que iria processar os membros do regulador.
Em comunicado hoje divulgado, a direção do SJ "não pode deixar de lamentar a generalização feita em um comunicado publicado pela ERC no qual, a propósito de uma queixa relativa ao jornalista Pedro Almeida Vieira, diretor do Página Um, envolve toda a classe".
As generalizações, "além de serem perigosas, são quase sempre desnecessárias, pelo que não entendemos como pode o regulador escrever num comunicado público que 'o referido cidadão tenta legitimar comportamentos nos quais, consideramos, que a classe jornalística não se revê'. Ora, não nos parece que seja incumbência da ERC pressupor em que é que a classe dos jornalistas se revê ou deixa de rever", critica o SJ.
"Quando se refere ao diretor do Página Um dizendo que o mesmo se intitula como jornalista, esclarecer a ERC que, independentemente dos desentendimentos existentes, o cidadão Pedro Almeida Vieira é, de facto, jornalista, portador da Carteira Profissional de Jornalista número 1786, sendo também sócio do SJ, com o número 4556", prossegue o sindicato.
O SJ informa ainda que "não faz comentários sobre conflitos entre a ERC e o referido jornalista e que se alguma das partes cometeu ato ilícito a situação deve ser esgrimida em sede própria, ou seja, pelo que se percebe pelo teor do comunicado, em tribunal".
O sindicato sublinha ainda que, "como qualquer outro associado, Pedro Almeida Vieira tem direito, se assim o entender, a recorrer ao apoio do gabinete jurídico do Sindicato dos Jornalistas neste ou em qualquer outro processo".
Num comunicado divulgado no seu 'site', a Página Um considerou que o comunicado do Conselho Regulador "é profundamente difamatório para o [seu] diretor", Pedro Almeida Vieira, "e, nessa medida, serão os seus atuais membros -- Sebastião Póvoas, Francisco Azevedo e Silva, Fátima Resende e João Pedro Figueiredo -- alvo de competente processo judicial, ademais agravado pelo Código Penal por já ter sido divulgado junto de órgãos de comunicação social".
A ERC, que disse que iria "acionar os mecanismos legais e judiciais para a defesa do bom nome da instituição e do verdadeiro princípio da liberdade de imprensa", deu conta que na terça-feira "um cidadão de nome Pedro de Almeida Vieira dirigiu-se" ao regulador "sobre pretexto de consultar processos em que o seu nome está envolvido".
Esta "não é a primeira vez que o faz, não aceitando as regras estabelecidas para o funcionamento da ERC e, insatisfeito com deliberações em que a ERC não lhe dá razão, tem vindo a insultar os membros do Conselho Regulador e a exercer coação sobre os funcionários que o atendem, insistindo, inclusive, em gravar uma audiência de conciliação, apesar de advertido de que não o poderia fazer, e fotografar peças processuais", afirmou a ERC, no comunicado.
A situação "culminou, após ameaça, por pedir a comparência de autoridade policial para concretizar tal coação", sendo que, "intitulando-se jornalista, o referido cidadão tenta legitimar comportamentos nos quais, consideramos, que a classe jornalística não se revê", sublinhou ERC.
Por sua vez, tendo tomado conhecido deste comunicado da ERC, a Página Um, "empresa detentora do jornal digital Página Um", salientou, também na terça-feira, que o seu diretor, Pedro Almeida Vieira, "é jornalista desde 1995, com a carteira profissional número 1786", que tem 52 anos, "não tem cadastro, tem sido um cidadão cumpridor das regras em sociedade, conhecendo bem os seus deveres e sobretudo os seus direitos" e "tem um profundo conhecimento dos seus direitos como jornalista".
Relata que Pedro Almeida Vieira se dirigiu às instalações da ERC "no seguimento de um requerimento para consulta de processos" e que "o requerimento foi feito como jornalista e foi agendado dia e hora por ofício da referida entidade".
Entretanto, "perante a recusa injustificada por técnicos da ERC de usar meios perfeitamente legais e corriqueiramente usados por jornalistas para recolha de informação dos processos administrativos (que não têm qualquer reserva nem sigilo), [Pedro Almeida Vieira] solicitou por isso a presença de autoridades policiais (PSP) para registarem a ocorrência", adianta.
"Aliás, foi o diretor do Página Um que foi coagido, porquanto as técnicas da ERC ameaçaram chamar um segurança (que nem sequer é agente de autoridade)", argumenta, salientando que o telefonema para a PSP foi feito por Pedro Almeida Vieira "pelas 12:03" para a esquadra do Bairro Alto, "tendo-se deslocado quatro agentes da PSP da esquadra da Lapa".
O diretor do Página Um "repudia qualquer acusação de coação de qualquer tipo sobre técnicas ou funcionários da ERC" e "tem legitimamente tomado posições relativas a processos intentados pela ERC, em especial uma deliberação sobre uma queixa da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, considerando que o Conselho Regulador não lhe concedeu, como devia, os meios de defesa prescritos no Código do Procedimento Administrativo, designadamente uma audiência prévia".