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Deputado do PCP alerta para possível fecho das urgências do hospital de Serpa

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O deputado do PCP João Dias alertou hoje para o possível fecho definitivo das urgências e diminuição de serviços no hospital de Serpa, no distrito de Beja, gerido pela Santa Casa da Misericórdia (SCM) local.

Os médicos que trabalham nas urgências do hospital "já não regressarão ao serviço, a partir do dia 15 [segunda-feira], porque há atrasos no pagamento de salários", afirmou à agência Lusa o parlamentar comunista.

João Dias adiantou que os clínicos da unidade hospitalar vão "gozar 15 dias de férias" na segunda quinzena deste mês e "já não regressam em setembro", salientando que a situação "inviabiliza, por completo, o funcionamento da urgência".

Já as unidades de cuidados continuados que integram o hospital, disse, "vão transferir ou já transferiram 12 doentes" para outras valências localizadas em Moura e Mértola, também no distrito de Beja, e Santiago do Cacém, no distrito de Setúbal.

"A ser verdade, é preocupante porque pode significar o caminho do encerramento das unidades", pois, "devido à falta de profissionais, provavelmente, estão a reduzir o número de utentes para manterem as respostas que têm", frisou.

Para o parlamentar, ao assumir a gestão da unidade hospital, a SCM de Serpa "assumiu um encargo muito grande, porque julgava ter ali uma oportunidade de negócio, mas a verdade é que não tem condições para suportar a dimensão do hospital".

O deputado do PCP eleito pelo círculo de Beja indicou ter obtido estas informações na sequência de um plenário de trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Serpa e em conversa com profissionais da instituição.

A Lusa tentou contactar o provedor da SCM de Serpa, mas as várias tentativas revelaram-se infrutíferas.

Nas declarações à Lusa, o parlamentar comunista revelou que já pediu reuniões, com caráter de urgência, à Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA).

"São estas as entidades que têm a responsabilidade de acompanhar a execução do acordo de transferência [da gestão do hospital], de fiscalizar e monitorizar e fazer auditorias" ao funcionamento da unidade hospitalar, assinalou.

Salientando que quer conhecer os resultados das auditorias, João Dias considerou que, "face ao incumprimento, que tem sido reiterado, por parte da SCM de Serpa, há todas as condições para reverter o hospital para gestão da ULSBA".

"A visão que temos para o hospital é que ele não é um peso para o serviço de saúde no nosso distrito, mas sim uma oportunidade para melhorar as condições de acesso à saúde na margem esquerda do Guadiana e no próprio distrito", referiu.

O deputado do PCP notou ainda que, na sequência do plenário de trabalhadores, ficou a saber que a instituição tem "profissionais com salários em atraso" e outros cujos subsídios de férias "ainda não são pagos como está na lei".

O Hospital de São Paulo, em Serpa, passou a ser gerido pela SCM local em 01 de janeiro de 2015 e por 10 anos, ao abrigo de um acordo assinado em 2014 entre a instituição, a ARS do Alentejo e a ULSBA.