Presidentes do Ruanda e RDCongo concordaram "envolver-se directamente" após visita de Blinken
Os Presidentes da República Democrática do Congo e do Ruanda concordaram em "envolver-se diretamente" na resolução das tensões bilaterais, na sequência da visita do secretário de Estado norte-americano a África, disse hoje a secretária de Estado adjunta Molly Phee.
"Na sequência do envolvimento [de Antony Blinken], tanto o Presidente [Felix] Tshisekedi, como o Presidente [Paul] Kagame concordaram em envolver-se diretamente", disse, em conferência de imprensa virtual a secretária de Estado adjunta para os Assuntos Africanos, que falava sobre a visita de Blinken à África do Sul, República Democrática do Congo (RDCongo) e Ruanda, que termina hoje.
Na sua intervenção, Phee disse que, durante a sua passagem por Kinshasa e por Kigali, Binken enfatizou que "qualquer apoio ou cooperação com qualquer grupo armado no leste da RDCongo põem em risco as comunidades locais e a estabilidade regional" e que "todos os países da região devem respeitar a integridade territorial dos outros".
O secretário de Estado "pediu o fim do discurso de ódio e aplaudiu o esforço do Presidente Tshisekedi" para reformar as forças armadas da RDCongo, além de manifestar o apoio dos Estados Unidos da América aos esforços diplomáticos em curso, mediados pelo Quénia e Angola.
"E destacou que precisamos de manter o foco nos humanos, as pessoas que estão a sofrer no leste da RDCongo", acrescentou Phee.
O leste da RDCongo é cenário de atividade armada de cerca de uma centena de grupos que semeiam o caos na região há quase 30 anos.
Um dos mais ativos dos últimos meses é o M23, uma ex-rebelião dominada pelos tutsis derrotada em 2013 e que voltou a pegar em armas no final do ano passado, acusando Kinshasa de não ter respeitado os acordos de desmobilização e reintegração dos seus combatentes.
Para o restabelecimento da paz nesta parte do território da RDCongo, estão em curso duas iniciativas diplomáticas africanas lideradas pelos Presidentes Uhuru Kenyatta, do Quénia - pelo desarmamento dos cem grupos armados ativos - e pelo Presidente João Lourenço, de Angola, para alcançar o fim da escalada de tensão entre Kinshasa e Kigali, acusada de apoiar o M23, o que é reiteradamente negado pelo Ruanda.