E se nascesse uma Comunidade Terapêutica no edifício do Centro Educativo?!
O Ministério da Justiça investiu cerca de 10 milhões de euros na Construção do Centro Educativo da Madeira, na Freguesia de Santo António da Serra (Santa Cruz). Após um curto espaço de tempo em funcionamento, os responsáveis políticos nacionais e regionais chegaram à conclusão que aquele espaço deveria ser encerrado pelo facto de nunca ter acolhido mais do que três ou quatro jovens madeirenses, em simultâneo. Desde 2013 que aquela infraestrutura está fechada, sem qualquer uso, num estado de degradação já preocupante. Numa recente conversa com pessoas ligadas à área da saúde mental, e quando falávamos do abandono a que aquele espaço tem estado votado, foi-me dito que aquele edifício, devidamente adaptado, poderia ter condições para que ali se instalasse uma Comunidade Terapêutica para tratamento de toxicodependentes. Confesso que achei uma ideia muito interessante. Enquanto estive na Assembleia Legislativa, por diversas vezes, propus a criação de uma comunidade terapêutica para tratamento e reinserção social dos doentes toxicodependentes, propostas essas sempre recusadas pelas maiorias. Fi-lo em fevereiro de 2005 (https://www.alram.pt/media/3935/diarion1524022005.pdf), voltei a fazê-lo em novembro de 2007 (https://www.alram.pt/media/3150/diarion2306112007.pdf), em dezembro de 2008 (https://www.alram.pt/media/3336/supn2002122008.pdf) e tantas outras vezes que aqui não cabem. A justificação para a não aceitação de tais propostas assentavam, sobretudo, na necessidade de proporcionar um “desenraízamento” dos doentes que precisavam de sair da Madeira para poderem "libertar-se" das más influências que, certamente os voltariam a atormentar aquando do seu regresso ao seu meio social. Este argumento tem, em minha opinião, tanto de verdadeiro como de falacioso: se por um lado esse risco existe, por outro, é certo que esse mesmo risco correm os doentes tratados nas variadas estruturas do SESARAM, ou nas Instituições Particulares regionais, sempre que retornam ao seu meio social. Esta ideia de transformar o Edifício do Centro Educativo da Madeira numa verdadeira Comunidade Terapêutica, com várias valências, que permita o internamento, tratamento, reabilitação e reinserção por tempos mais alargados é uma boa ideia que, não sendo minha, penso poder vir a ser mais um instrumento para ajudar cada vez mais pessoas que, na nossa Região, estão dependentes do consumo de estupefacientes. Uma ideia que, naturalmente precisa de um aprofundamento mais cuidado, ouvindo técnicos entendidos nestas questões, e uma negociação entre os governos da Região e da República para a cedência daquele espaço. Aqui fica mais uma proposta concretizável, que poderia fazer parte dos programas eleitorais que serão sufragados, no próximo ano, pelos madeirenses.