Ministro da Economia do Brasil diz que Europa corre risco de se tornar irrelevante
O ministro da Economia do Brasil afirmou na terça-feira que se Europa não abrir o mercado para o gigante sul-americano vai tornar-se irrelevante.
"Ou eles abrem o mercado para nós ou eles vão ficar irrelevantes. Então hoje existe essa perceção. Quando começou essa guerra na Ucrânia, a ficha caiu tanto para eles quanto para os Estados Unidos", afirmou Paulo Guedes, citado na imprensa local, num evento do setor de bares e restaurantes.
O responsável brasileiro tem acusado alguns países europeus, em especial França, de estarem a atrasar a entrada do país na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para protegerem os seus interesses agrícolas.
Hoje, durante o evento, o ministro brasileiro, revelou uma conversa que teve com um ministro francês.
"Uma vez tinha um ministro da França lá que me falou 'você está queimando a floresta'. E eu falei: 'você está queimando Notre-Dame", contou.
"Que acusação idiota. Você não está queimando Notre-Dame, mas é um quarteirão e você não conseguiu impedir, pegou fogo. Agora, nós temos uma área que é maior que a Europa e vocês ficam criticando a gente", acrescentou.
Paulo Guedes afirmou ainda que disse ao ministro francês que o comércio com a China ultrapassa o europeu.
"É melhor vocês nos tratarem bem, porque (...) vamos para outro lado, porque vocês estão ficando irrelevantes". É um continente com uma demografia declinante" afirmou.
Em setembro de 2019, os presidentes do Brasil e França, Jair Bolsonaro e Emmanuel Macron, tiveram uma troca acalorada sobre os incêndios florestais na Amazónia, com o Presidente brasileiro a acusar o seu homólogo francês de ameaçar a "soberania" do Brasil ao criticar a sua política ambiental.
O próprio Paulo Guedes acrescentou combustível, dizendo na altura que a primeira-dama francesa, Brigitte Macron, era "realmente feia".
Em janeiro, a OCDE anunciou a abertura das negociações para a adesão do Brasil, contudo várias organizações não-governamentais têm questionado esta adesão porque, segundo as mesmas, o país não cumpre requisitos ambientais nem de direitos humanos.
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, já afirmou estar confiante de que o processo de adesão estará concluído "em dois, três anos".
Entre os 35 membros da OCDE estão quatro países latino-americanos: México, que aderiu em 1994; Chile, em 2020; Colômbia, em 2020, e Costa Rica, em maio de 2021.
Para além do Brasil, a OCDE abriu negociações de adesão à Argentina, Perú, Bulgária, Croácia e Roménia.