Madeira

"Investimento na Semana do Mar devia ser repartido por mais iniciativas, descentralizadas às quatro freguesias, durante todo o ano", defende Xavier Castro

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“Sem nunca deixar de aplaudir toda e qualquer iniciativa que contribua direta ou indiretamente para o desenvolvimento do nosso concelho, é difícil compreender o porquê do investimento excessivo num evento único e desta grandiosidade, a afetar quase 10% do orçamento da Câmara Municipal do Porto Moniz, quando tais recursos financeiros poderiam e deveriam ser repartidos por mais iniciativas semelhantes, ao longo de todo o ano, contribuindo assim para esbater a sazonalidade económica de que o Município padece e garantindo benefícios em continuidade aos nossos comerciantes, através de uma aposta séria e concertada na afirmação turística do Município” afirma o Presidente da Junta de Freguesia do Seixal, Xavier Castro, que acusa o Presidente da autarquia de relegar, para segundo plano, as reais necessidades da população, assim como a promoção local das quatro freguesias que integram o concelho.

“Numa analogia simples, este custo excessivo lembra que, para matar a sede, bebe-se um copo cheio de água. Toda aquela que se deite no copo a mais transborda e desperdiça-se e o mesmo se passa com o figurino da atual Semana do Mar, afigurando-se excessivo”, sublinha o autarca, acrescentando que aquilo que seria de esperar era que “o Executivo Municipal descentralizasse o evento, promovendo outros semelhantes pelas 4 freguesias do Concelho e que canalizasse algumas das verbas excessivamente gastas, no mesmo, para outras prioridades verdadeiramente prementes para a população, a começar por um maior e efetivo apoio às Juntas de Freguesia do concelho”.

Críticas que Xavier Castro reforça, igualmente, perante as conclusões de caráter temporal e relativas à história e aos benefícios que a Semana do Mar efetivamente apresenta para o concelho que, no seu entender, “desrespeitam o legado de todos os que deram início não só à Semana do Mar como aos vários eventos que lhe deram origem”.

“O Presidente da Câmara, num dos seus artigos de opinião, começa logo por referir que em 1990, por iniciativa dos pescadores do Porto Moniz, se terá realizado a primeira regata de canoas (de pesca), em honra de São Pedro, padroeiro dos pescadores, tendo como percurso a largada do Porto do Porto Moniz, com rodagem à Baixa do Moniz e regresso ao Porto e, ao contrário do que é dito e sem prejuízo de eventos semelhantes eventualmente ocorridos por iniciativa dos pescadores, há que dizer que, na verdade, a primeira verdadeira regata de canoas de pesca realizou-se em 1989, tendo por percurso a ligação entre os Portos do Seixal e do Porto Moniz”, explica o Presidente da Junta, lembrando que esta iniciativa partiu das gentes do Seixal, desde logo o então Presidente da Junta de Freguesia do Seixal, António Jeremias de Sousa, juntamente com vários amigos, entre os quais Francisco Ramos e Lino Conceição, tendo por base a tradição de muitos anos dos Seixaleiros descerem ao cais para passearem de canoa, por alturas das festividades de São Pedro.

Por outro lado, prossegue, o Presidente da Câmara Municipal do Porto Moniz refere que o evento passou a ser integrado no então denominado “Dia do Mar”, o que não corresponde à verdade. “Acontece que nunca houve “Dia do Mar” e a primeira edição da Semana do Mar ocorreu em 1990, precisamente no decurso (e não ao contrário), do sucesso da regata de canoas realizada um ano antes e ainda da primeira edição dos saudosos Jogos do Mar, também realizada em 1989, sob a chancela de uma grade amiga do Porto Moniz - a Profª Luísa Spínola”, explica, vincando que, embora esta primeira edição tivesse um caráter quase experimental, a verdade é que se pautou, também, por um grande sucesso, tendo a ele acorrido uma autêntica multidão a aplaudir as equipas das 4 freguesias do Concelho.

“Respeitar a história do Município e todos os seus envolvidos, independentemente das cores políticas, assim como perceber quais são as reais necessidades, presentes e futuras, da população que vive no nosso concelho, entendido na globalidade das suas diferentes freguesias, deveriam ser prioridades absolutas do Presidente da Autarquia e é neste enquadramento que esperamos que, para o futuro, iniciativas que já hoje são válidas possam vir a surtir mais e melhores resultados para todos”, remata Xavier Castro.