A comercialização da banana, nos últimos anos, tem servido os interesses da empresa pública GESBA, que gere e absorve, simultaneamente, os fundos comunitários em regime de monopólio, e retém os lucros do trabalho dos agricultores.

Os “servos da GESBA”

Na idade Média os “Servos da Gleba” eram, geralmente, os camponeses que viviam em regime de servidão perante os senhores feudais. Além de prestarem vassalagem forneciam, geralmente, o melhor das suas colheitas à mesa do senhor.

Em 2022, e tendo por base as faturas guardadas pelos agricultores durante os últimos 20 anos, depressa se conclui (e sem filtros da imprensa mercenária) que a GESBA enriquece à custa dos agricultores. Estes são, desde 2008, os novos “servos da GESBA”. Trabalham de sol a sol, suportam aumentos de adubos, combustíveis e outros produtos fitofarmacêuticos, e por incrível que pareça recebem, atualmente, cerca de 30 cêntimos a menos por kg de banana, do que há 15 anos.

Questiona-se? A GESBA foi criada para aumentar o rendimento dos agricultores ou para enriquecer e ficar com os lucros de milhões do trabalho dos agricultores?

Albuquerque disse que a banana “é muito bem paga” ao produtor?

Por ocasião da inauguração do Centro de Banana da Madeira, que custou uns bons milhões retirados dos lucros do comércio da banana, Miguel Albuquerque referiu que a banana na Madeira não só “era a mais bem paga na Europa” como também “muito bem paga ao produtor” (DN-M, 23-6-2022).

Perante esta descarada mentira, urge retratar a realidade. O preço da banana não aumenta desde 2008, ano que a GESBA foi criada. É importante informar que o valor pago ao produtor de banana por categoria é inferior, em média 30 cêntimos/kg em relação a 2005.

Vejamos, segundo os dados da ABAMA: Em 2005 a banana paga ao produtor por categoria tinha os seguintes preços: Banana extra 0,60€/kg; Banana de primeira 0,51€/kg e Banana de segunda 0,30€/kg, ao que se junta a ajuda comunitária. Em 2022 a GESBA paga ao produtor por categoria: Banana extra 0,268€/kg; Banana de primeira 0,178€/kg e Banana de segunda 0,074€/kg mais a ajuda comunitária.

Tudo dito e esclarecido. Ao contrário do que afirma Albuquerque, a banana é mal paga ao agricultor.

Este monopólio!

Pior que um monopólio privado está um monopólio público da GESBA, que simultaneamente recebe os apoios comunitários, e depois decide o preço que paga aos agricultores. E como um monopólio quase sempre alimenta outro, vejamos: Entre 2015 e 2022 a GESBA pagou mais de 15 milhões em despesas com transportes marítimos contentorizados.

Conclusão: A banana é sim, bem paga, mas aos “armadores”.