Venezuelanos mudam hábitos de consumo em função do necessário e exigem mais qualidade
Os venezuelanos estão a mudar os seus hábitos de consumo, para dar prioridade aos bens essenciais, e exigem mais qualidade nos produtos disponíveis no mercado local, segundo um estudo da empresa de consultoria Atenas Group.
"Os consumidores venezuelanos mudaram, aprenderam a comprar o que necessitam e estão exigindo mais qualidade nos produtos", explicou o diretor de Atenas Group, Alexandre Cabrera, aos jornalistas.
O estudo, segundo Alexandre Cabrera, foi realizado em 2.120 lares, a nível nacional.
"Uma das coisas que estavam a acontecer nos últimos anos, na Venezuela, é que a escassez [de alguns produtos] e os preços [praticados] levaram o consumidor a preocupar-se em chegar à prateleira e obter marcas a um bom preço, independentemente das qualidades do produto", disse Alexandre Cabrera.
Agora, frisou, "foi retomado o poder sobre as marcas e a variedade de preços não é o único [critério] que o consumidor venezuelano tem no momento da compra".
"Quase 80% da população venezuelana tem aprendido a comprar o que necessita, e tem-se transformado num 'consumidor de reposição'" de produtos, assegurou.
Segundo Alexandre Cabrera esta mudança nas tendências do consumidor venezuelano tem provocado um efeito de crescimento do comércio local, como pequenas mercearias em zonas residenciais.
Ao mesmo tempo, o estudo revelou que, de cada 100 dólares (98,17 euros) de compras, 70 dólares (68,72 euros) correspondem a produtos fabricados localmente e 30 dólares (29,45 euros) a bens importados.
O estudo da Atenas Group determinou ainda que "27% dos compradores procuram uma relação entre o preço e a qualidade" dos produtos alimentares, e que "21% da população venezuelana procura comprar produtos de uma marca conhecida".
Na relação com os preços, as respostas indicam igualmente que 19% dos lares procura baixos preços e 17% dá prioridade a produtos "com bom sabor", enquanto 24% procura preços económicos, em artigos de manutenção do lar.
No setor das comunicações, 21% relaciona o preço com a qualidade, enquanto 19% dá prioridade à qualidade do serviço, 17% prefere a marca e 16% procura os serviços de menor impacto económico, enquanto 14% dá prioridade à melhor cobertura de rede.
No final do passado mês de junho, o presidente da Câmara Venezuelana da Indústria de Alimentos (Cavidea), Álvaro Burgos, já dissera aos jornalistas que os fabricantes e distribuidores venezuelanos estão a reduzir o peso e as quantidades das embalagens de alimentos, para serem mais acessíveis aos consumidores do país há vários anos afetado pela crise económica.
A redução do peso e quantidades dos produtos faz parte de um "processo de reinvenção" das empresas, para aumentar o consumo, com pacotes a preços mais acessíveis para a população, disse o responsável da Cavidea.
"O comprador está a ir mais vezes ao supermercado, porque não tem dinheiro suficiente para cobrir [toda a oferta] numa única compra (...). A nível de consumo, a redução do peso das embalagens dos produtos está a ajudar muito", disse Álvaro Burgos aos jornalistas.
Em termos de alimentação, a capacidade de compra tem levado os venezuelanos a dar prioridade às proteínas, seguindo-se os hidratos de carbono, em detrimento de vegetais, para acompanhar as refeições, de acordo com os dados da Cavidea.
Álvaro Burgos lembrou que a Venezuela tem passado por altos valores inflacionários e que muitos dos produtos que chegam ao país são importados.
Segundo a imprensa local, maionese, cereais, café, doces e chocolates são alguns dos produtos agora disponíveis no mercado, em embalagens mais pequenas, com menos peso e quantidade.