Presidencial afirmação inconsequente
Cidadão Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, disse ontem em São Paulo, Brasil, que “não há portugueses puros, como não há brasileiros puros".
A propósito, refiro que o filósofo grego Sócrates terá dito: “Só sei, que nada sei”.
Conhecer tão inconsequente e descabido fraseado da presidencial figura portuguesa proporcionou-me ensejo para intuir que, um pouco à semelhança da ideia socrática, também eu, com a provecta idade de 91 anos, sou completo ignorante.
É que não retenho a mais pequena espécie de representação mental do que seria um português puro ou brasileiro puro.
E mais desiludido me encontro comigo mesmo pelo facto de o presidente Marcelo não elucidar o que seria a genuína pureza de um qualquer português ou brasileiro; referindo, nomeadamente, a sua específica caracterização.
Tal omissão é relevante na medida em que só podemos rejeitar aquilo que, verdadeiramente, é patente e reconhecido.
Não é o caso aqui posto em foco.
O presidente Marcelo e os vários actores que se exibem no circo político da praça alfacinha há muitas luas que, frequentemente, nos brindam com eloquentes(…) conversas de chacha desprovidas de: objectividade, mínimo sentido cultural e elementar disciplina normativa.
Infelizmente, trata-se de um hábito que “todo o mundo”, incluindo os órgãos de comunicação social deveriam rejeitar com rigor e persistência – a bem do devido e responsável uso da Pátria que é a Língua Portuguesa e de cada vez mais nos relacionarmos e entendermos melhor como portugueses que, orgulhosamente, se revêem na condição nacional.
Para terminar, afirmo: lamento profundamente que os portugueses se entretenham, continuamente, a aplaudir o folclore político e que a questão em foco na presente crónica e outras mais de muita importância para a nação, só suscitem o atento interesse e persistente actuação/intervenção crítica e pedagógica do escritor Brasilino Godinho.
Por agora, mais não digo…
Brasilino Godinho