Nuno Melo apela a António Costa que devolva receitas fiscais à sociedade e pede PR interventivo
O presidente do CDS-PP apelou hoje ao primeiro-ministro para que devolva à sociedade parte dos "rendimentos imprevistos e extraordinários" que o Estado tem arrecadado, após uma audiência com o Presidente da República, de quem defendeu uma "intervenção mais ativa".
Após ser recebido pelo Presidente da República, no Palácio de Belém, a seu pedido, Nuno Melo qualificou ainda de "um frete" ao Governo a moção de censura apresentada pelo Chega, que foi chumbada no parlamento, por ser inconsequente, e disse que os centristas se teriam abstido, se a tivessem de a votar na Assembleia da República.
"Tendo de votar, o CDS certamente se absteria, porque, embora tendo consciência que aquilo é um simulacro, aquilo não serve para nada e é um favor ao PS e ao doutor António Costa, por outro lado, objetivamente, o Governo merece censura. Portanto, seria uma das raras vezes em que o CDS se absteria, porque o CDS preocupa-se em marcar posição", disse Nuno Melo aos jornalistas.
Após a sua audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, Nuno Melo sublinhou as circunstâncias de "economia de guerra", problemas na saúde, e aumento generalizado do custo de vida, e em que o "duas fações antagónicas" se confrontam no Governo, numa referência ao episódio envolvendo o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, para sublinhar que "até maio, o Estado, por decisão do PS, arrecadou mais de três mil milhões de euros de receita aproveitando de um circunstancialismo em que todos os portugueses sofrem".
"O apelo que quero fazer ao doutor António Costa, porque isto não é justo, é que trate de devolver à sociedade parte destes rendimentos imprevistos e extraordinários que capitalizam o Estado, mas fazem falta no dia a dia de cada uma das pessoas e de cada uma das empresas", declarou.
Sem querer revelar o conteúdo da conversa que teve com o Presidente da República, Nuno Melo assinalou que "o senhor Presidente da República tem exata noção das circunstâncias, tem a exata noção do momento em que o país vive".
Para o líder do CDS, a situação é tão mais grave quanto, por via da maioria absoluta do PS, existe um "parlamento mudo", que não fiscaliza o Governo, dando como exemplo o chumbo de uma audição a Pedro Nuno Santos.
"Por isso é tão importante a intervenção mais ativa do Presidente da República, numa lógica que é compensadora. E também é importante uma intervenção de partidos que não estão no parlamento, caso do CDS, numa oposição que se faz fora da Assembleia da República. Isso é o papel que nos compete e que assumimos com todo o sentido de responsabilidade", defendeu.
Questionado se considerava que Marcelo Rebelo de Sousa tem sido pouco interventivo, Nuno Melo recusou em absoluto esse cenário.
"Não, absolutamente. Quero chamar a atenção da opinião pública para o papel que, sendo sempre relevante do senhor Presidente da República, hoje, neste contexto, é particularmente relevante. Quando o parlamento não pode fiscalizar o Governo, até para equilíbrio das instituições democráticas, que hoje não funcionam particularmente bem, outras entidades e outros fóruns têm de ser capazes de processar essa oposição", sustentou.