Líder da Comissão do PE para Energia alerta para "Inverno difícil" na Europa
O eurodeputado romeno Christian Busoi, que lidera a Comissão Parlamentar da Indústria, da Investigação e da Energia disse hoje que se antevê um "inverno difícil" na Europa, caso se concretize um eventual corte de fornecimento de gás da Rússia.
"Advinha-se um inverno difícil. Por isso, é importante que todos os Estados-membros tenham planos de crise e soluções para lidar com um eventual bloqueio russo, se ele ocorrer e, a médio prazo, diversificar as fontes de fornecimento de energia, aumentar a eficiência energética e, muito importante, realizar um forte investimento no hidrogénio", afirmou hoje o eurodeputado romeno.
"Com 10 milhões de toneladas de produção na União Europeia até 2030 e 10 milhões de importação estou certo que conseguiremos fazer face às necessidades criadas pelo corte do gás russo", realçou.
Busoi, que falava durante num seminário que o Parlamento Europeu está a promover com jornalistas portugueses relacionado com a situação na Ucrânia, justificou o risco com o facto de a "Rússia estar a usar o gás natural como arma política, também por já ter começado a cortar ou a reduzir o fornecimento".
"Claramente, num ato de desespero, face ao compromisso da União Europeia de não importar mais gás, a Rússia vai utilizar este inverno para criar um grande problema à União Europeia. Não há certezas, pois não podermos prever o que vai decidir. A Rússia não é como os países europeus. Não há um debate transparente e democrático que permita antever as decisões. Tal como foi difícil de prever a invasão da Ucrânia, é difícil perceber o que vai fazer, mas os sinais são muito preocupantes", alertou.
"Mesmo que não aconteça, os países europeus devem estar preparados para essa eventualidade", disse ainda Busoi.
O eurodeputado romeno, que lidera a Comissão Parlamentar da Indústria, da Investigação disse que, se o pior dos cenários se concretizar "a situação não será fácil para os grandes países", apontando "a Alemanha, os Países Baixos, Itália onde as importações da energia russa são muito importantes".
"A Roménia está muito menos exposta por necessitar de 20% do gás da Rússia. Claro que 20% é importante, mas com o armazenamento que está a ser feito e o incremento da produção interna, acho estaremos preparados", sustentou.
O responsável lembrou que, para reduzir a dependência da energia russa, a União Europeia reajustou a legislação para armazenagem de gás, sendo que "este ano, todos os Estados-membros devem ter, pelo menos, 80 a 85% de armazenamento de gás e, a partir do próximo ano, 90%".
Adiantou que "parte do RePowerEU [plano da Comissão Europeia para tornar a Europa independente energeticamente] destina-se a substituir as importações russas com outras fontes de fornecimento mais viáveis".
"Queremos aumentar as importações da Noruega, um antigo parceiro, segundo exportador para a União Europeia depois da Rússia. Também com o Azerbaijão, bem como duplicar a capacidade do gasoduto transatlântico e aumentar as importações dos Estados Unidos, Qatar, Canadá e investir mais em terminais de gás em plataformas. Estamos numa fase avançada de negociações com o Egito e Israel. Precisamos dos terminais israelitas para podermos receber o gás natural", especificou.
Segundo Christian Busoi, "em abril de 2021, 45% das importações de gás natural eram provenientes da Rússia, mas em abril passado esse número já tinha caído para os 31%".
"Os Estados-membros decidiram reduzir o volume de importações, mas esta quebra também é reflexo da decisão da Rússia de diminuir as exportações para alguns Estados-membros", sustentou.