A Guerra Mundo

Governo diz ser momento certo para libertar UE da dependência de energia russa

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O secretário de Estado dos Assuntos Europeus disse hoje que "está na altura de passar das palavras aos atos" nas interligações energéticas entre a Península Ibérica e o resto da União Europeia (UE) para reduzir a dependência da Rússia.

Tiago Antunes, que falava durante num seminário que o Parlamento Europeu está a promover com jornalistas portugueses, relacionado com a situação na Ucrânia, disse que a necessidade de reduzir a atual dependência energética em relação à Rússia dá o "ímpeto" para avançar com este processo que tem vindo a arrastar-se.

"É altura de passar das palavras aos atos. São investimentos avultados, mas agora é o momento para dar ímpeto a este processo", afirmou.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, anunciou hoje perante o Parlamento Europeu que o seu executivo vai apresentar este mês um plano de emergência europeu para precaver um eventual corte total de fornecimento de gás russo.

No encontro com os jornalistas portugueses no Parlamento Europeu, o secretário de Estado do Assuntos Europeus referiu-se às interligações entre Portugal e Espanha, Espanha e França e Itália e Espanha, por mar.

Tiago Antunes adiantou que "Portugal tem interesses relevantes a defender", nesta matéria.

"A Península Ibérica e, em concreto Portugal, pode ser porta de entrada alternativa de matérias-primas energéticas para a Europa e uma fonte de fornecimento, no imediato, de gás proveniente de outras origens - dos Estados Unidos, da Nigéria, entre outros", referiu.

"O porto de Sines pode ser uma fonte alternativa de entrada alternativa de gás e, futuramente, uma fonte produção e fornecimento à Europa", disse o secretário de Estado, apontando como exemplo o hidrogénio verde.

"Temos um potencial enorme e temos de tirar partido desse potencial. Para isso, é necessário que haja interligações entre Portugal, Espanha e o resto da Europa, quer de eletricidade, quer de gás".

O governante realçou que Portugal "tem insistido muito neste ponto das interligações, justamente, por ser essencial para concretizar esta ideia".

"Se queremos diversificar face aos fornecimentos vindos de leste, vindos da Rússia, então temos de olhar para o oeste da Europa como fonte alternativa de fornecimento de matérias-primas energéticas. Estes são os desafios que temos em mãos a nível europeu. Os efeitos da guerra a vários níveis, na necessidade de ajuda humanitária, militar e financeira e, no futuro, à reconstrução que vai ser muito significativa e impactante e as consequências dessa guerra na energia, na necessidade de encontrar fontes alternativas", observou.

Tiago Antunes disse ainda que a recente atribuição à Ucrânia e Moldova do estatuto de países candidatos à União Europeia "implica que esses países tenham de fazer um esforço de reformas, de preparação, mas implica também que a União Europeia faça o seu trabalho de casa e se prepare para a adesão destes países".

"Uma coisa é uma Europa a 27, outra coisa, é um dia, uma União Europeia, com mais de 30 membros", disse.

Para isso acontecer é necessário iniciarmos uma reflexão sobre a arquitetura institucional e financeira. Terá implicações relevantes no modo como a UE funciona e se organiza, como as instituições tomam decisões e também, nos mecanismos de financiamento", sustentou.

Tiago Antunes acrescentou que a "UE tem de fazer essa reflexão e esse trabalho de casa, ao mesmo tempo que deve exigir aos Estados candidatos que se preparem e façam as reformas necessárias, introduzindo o acervo comunitário na sua legislação".

No entanto, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus alertou para a necessidade de não serem esquecidos "outros países que já são candidatos e, alguns deles, à espera há muito tempo".

"Estou a falar essencialmente nos países dos Balcãs ocidentais (...). É importante, à medida que vamos dar estes novos passos, não nos esquecermos daqueles que já estão neste processo que é necessariamente longo, complexo, exigente. Que deve ser. Os critérios de Copenhaga devem ser observados com rigor, mas é preciso dar sinais a estes países para evitar uma coisa que seria até contraproducente. Alimentar-se expectativas que, depois, não têm retorno e até criam um sentimento de frustração, lesivo para os interesses europeus", advertiu.

"Seria pior a emenda que o soneto. São os desafios que temos em mãos a nível europeu, os efeitos da Guerra a vários níveis, na necessidade de ajuda humanitária, militar e financeira e, no futuro, à reconstrução que vai ser muito significativa e impactante e as consequências dessa guerra na energia, na necessidade de encontrar fontes alternativas".