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Seiscentos presos escapam de prisão na Nigéria após alegado ataque do Boko Haram

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Pelo menos 600 reclusos fugiram na terça-feira à noite de uma prisão perto de Abuja, capital da Nigéria, após um ataque alegadamente perpetrado por combatentes do grupo extremista islâmico Boko Haram, anunciou hoje o Governo.

"Entendemos que foi o Boko Haram, eles vieram especificamente pelos seus co-conspiradores" detidos na prisão de Kuje, disse aos jornalistas o secretário permanente do Ministério do Interior da Nigéria, Shuaibu Belgore, citado pelas agências internacionais.

Segundo as autoridades, mais de 300 dos 600 fugitivos já foram recapturados ou entregaram-se em esquadras da polícia.

Os rebeldes, "muito determinados", atacaram a prisão de segurança máxima de Kuje na terça-feira à noite com "explosivos de alta qualidade", matando um guarda em serviço, de acordo com Belgore.

Os atacantes chegaram pelas 22:00 e forçaram a sua entrada na prisão através de um buraco provocado por explosivos.

Os rebeldes 'jihadistas' que atacaram a prisão protagonizam há mais de uma década uma insurgência no nordeste do país.

Com o ataque de terça-feira, os rebeldes libertaram muitos dos seus companheiros detidos anteriormente.

A prisão de Kuje tinha quase 1.000 reclusos, incluindo 64 suspeitos de pertencerem ao Boko Haram, tendo todos estes fugido, disse o ministro da Defesa, major-general Bashir Salihi Magashi.

O governante disse que as forças de segurança no terreno "deram o seu melhor" para prevenir a fuga e as autoridades estão agora a avaliar "o que se pode fazer para garantir que todos os fugitivos são trazidos de volta".

Hoje de manhã, cartuchos de balas estavam espalhadas em torno da prisão, helicópteros sobrevoavam a zona e agentes passavam o mato em torno do estabelecimento a pente fino em busca de reclusos.

Alguns dos presos recapturados estavam deitados no chão à entrada da prisão, perto dos corpos dos reclusos que morreram no ataque.

As autoridades não especificaram o número de mortos.

A fuga da prisão de Abuja ocorreu no momento em que homens armados lançaram um ataque a um comboio de segurança que se preparava para a visita do Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, ao estado de Katsina, no noroeste.

Os atacantes "abriram fogo contra o comboio desde posições de emboscada, mas foram repelidos pelos militares", disse um porta-voz presidencial.

Os rebeldes 'jihadistas' da Nigéria e outros grupos armados promoveram várias fugas de presos no nordeste do país nos últimos anos, mas esta é a primeira na capital nos últimos anos.

Em 2021, mais de 2.500 presos foram libertados em três prisões.

Pelo menos 4.307 presos escaparam das prisões da Nigéria desde 2017, informou o jornal online TheCable, com sede em Lagos, este mês.

As prisões nigerianas têm 70.000 presos, mas apenas cerca de 20.000, ou 27%, foram condenados, segundo dados do governo.

A violência provocada pela insurgência extremista da Nigéria, realizada pelo Boko Haram e uma ramificação conhecida como Estado Islâmico da Província da África Ocidental, causou a morte de mais de 35.000 pessoas e desalojou mais de 2 milhões de pessoas, segundo a ONU.

A violência dos extremistas é o desafio de segurança mais sério na Nigéria, o país mais populoso da África, com 206 milhões de pessoas, que também enfrenta violência na região noroeste por pastores rebeldes e um movimento separatista no sul do país.