Rússia queixa-se de ser alvo de campanha de ciberataques desde a invasão
A Rússia queixou-se hoje de que tem sido alvo de uma campanha de ciberataques sem precedentes, com mais de 200 ataques diários, desde que invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
"Atualmente, devido à operação militar especial no território da Ucrânia, está a ser levada a cabo uma campanha cibernética sem precedentes contra a Rússia", disse o diretor-adjunto do Centro Nacional de Coordenação de Incidentes Informáticos, Nikolai Murashov citado pela agência noticiosa TASS.
Falando na conferência Infoforum na cidade russa de Sochi, no Mar Negro, Murashov disse que desde o início da guerra, designada oficialmente por Moscovo como uma "operação militar especial", os ciberataques às infraestruturas informáticas do país aumentaram várias vezes.
"Todos os dias, as forças do serviço estatal para a prevenção e deteção de ciberataques sobre recursos informáticos detetam uma média de mais de 200 ataques. São realizados a partir de diferentes partes do globo e são claramente coordenados", disse Murashov, segundo noticiou a agência espanhola EFE.
Murashov acrescentou que os ciberataques visam perturbar as infraestruturas informáticas, e aceder ilegalmente aos sistemas informáticos de organizações e empresas em vários setores da economia do país.
O Centro Nacional de Coordenação de Incidentes Informáticos foi criado em julho de 2018, por ordem do diretor-geral do Serviço Federal de Segurança (FSB), Alexandr Bortnikov.
A Rússia tem sido frequentemente acusada pelo Ocidente de realizar ataques cibernéticos e operações de desinformação para tentar influenciar a política em alguns países, como os Estados Unidos ou o Reino Unido.
Além das forças convencionais, a Rússia recorre a um autêntico "exército" de piratas informáticos ('hackers') para estas operações, segundo denúncias que têm sido feitas na imprensa ocidental, as quais se intensificaram desde a guerra na Ucrânia.
Em maio, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, acusou a Rússia de ter efetuado ciberataques contra uma rede de comunicações por satélite uma hora antes da invasão da Ucrânia para "facilitar a agressão militar".
O ataque afetou também vários países da UE, além da Ucrânia, e constituiu "mais um exemplo do padrão contínuo de comportamento irresponsável da Rússia no ciberespaço", disse Borrell na altura.
Em março, o presidente de uma empresa de segurança informática, a CyberProof, Yuval Wollman, citado pelo canal norte-americano CNBC, disse que as autoridades ucranianas estimavam que cerca de 400.000 'hackers' se tinham voluntariado para ajudar a combater os ciberataques da Rússia.