Disponibilidade do PSD para dialogar não elimina "crítica implacável" ao processo do novo aeroporto de Lisboa
O líder do PSD afirmou hoje que o partido já fez "um princípio de reflexão" sobre o futuro aeroporto, mas salientou que a disponibilidade para dialogar com o Governo não elimina a "crítica implacável" à gestão do processo.
Em declarações aos jornalistas, no final de uma audiência com o Presidente da República, no Palácio de Belém, que durou mais de uma hora, Luís Montenegro afirmou que a reunião com o primeiro-ministro sobre este tema acontecerá "oportunamente, sem nenhuma pressa".
"No PSD já fizemos hoje um princípio de reflexão na Comissão Permanente [o núcleo duro da direção] sobre esse assunto para, quando estiver com o primeiro-ministro, lhe poder transmitir a dimensão da nossa posição", afirmou o novo presidente do PSD.
No entanto, Luís Montenegro deixou um alerta: "A disponibilidade do PSD para poder dialogar com o Governo e o primeiro-ministro num investimento estratégico para o país não elimina a nossa crítica implacável à forma como o Governo tem conduzido o processo".
O líder do PSD reiterou as críticas que tem feito nos últimos dias de incompetência ao Governo por não ter resolvido o assunto durante sete anos" e classificando como vergonhoso "o episódio da semana passada entre o primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas", que considerou ter diminuído a autoridade de ambos.
Montenegro voltou ainda a desafiar o primeiro-ministro a explicar o que vai fazer com o concurso público já adjudicado para uma Avaliação Ambiental Estratégica que tenha em conta as três opções: Portela + Montijo, Montijo + Portela ou Alcochete.
"O que é que vai acontecer a esse procedimento visto que o Governo revogou o despacho e, dessa forma, recolocou como vigente a decisão desse concurso público? O senhor primeiro-ministro tem de dizer ao país o que vai fazer sobre isso", disse, considerando que esse é, neste momento, "o tema principal" relacionado com o futuro aeroporto.
Questionado sobre os muitos voos cancelados e as longas filas que se têm registado no aeroporto de Lisboa, Montenegro fez questão de separar os dois planos.
"A situação no aeroporto não tem a nada ver com a construção de novo equipamento aeroportuário na região, mas com desinvestimentos gritantes no equipamentos e recursos humanos adstritos ao turismo, mais uma evidência da incapacidade do Governo em resolver aquilo que interessa ao país", afirmou.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, determinou a revogação do despacho sobre as localizações para a nova solução aeroportuária da região de Lisboa, desautorizando o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que no dia anterior apresentara esta proposta.
A solução apontada no despacho revogado passava por avançar com o projeto de um novo aeroporto no Montijo complementar ao Aeroporto Humberto Delgado para estar operacional no final de 2026, sendo os dois para encerrar quando o aeroporto no Campo de Tiro Alcochete estivesse concluído, previsivelmente em 2035.