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Aeroporto de Beja

O título deste artigo pode ser novidade para alguns portugueses, mas sim, Portugal tem um aeroporto internacional (não um aeródromo) em Beja, no Alentejo. E entre os que sabem, talvez não saibam, que qualquer avião que aterra no aeroporto de Lisboa pode hoje aterrar em Beja. Dito de outra forma: não há nenhum avião à data de hoje que aterrando em Lisboa, não possa aterrar no aeroporto internacional de Beja.

Portugal não é um país rico. Apesar do progresso registado em vários índices nas últimas duas décadas e, em bom rigor, desde a adesão à então CEE, ainda temos carências e não podemos dar-nos ao luxo de não aplicar bem o dinheiro que nos é entregue da Europa e o dinheiro que temos, fruto dos nossos impostos que em muito oneram os nossos vencimentos.

Portugal já falhou e muito nesta matéria em 2004 quando realizou o Europeu de Futebol. Foram reconstruídos e construídos um total de 10 estádios (bem mais do que o necessário exigido pela UEFA) e na prática parte do dinheiro foi em vão: Faro/Loulé, Leiria e Aveiro são apenas três exemplos de quase inutilização e muito dinheiro desperdiçado.

Portugal não é um país rico.

Se tomarmos por correta a frase anterior, não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar um aeroporto internacional já construído, porque construir um aeroporto novo, com todas as áreas circundantes e serviços conexos é uma obra de uma dimensão gigante e que vai onerar os portugueses durante várias décadas.

E, aqui chegados, o leitor pergunta: se eu partir da Madeira para o Continente terei de aterrar no Alentejo? Não obrigatoriamente. O Aeroporto da Portela pode continuar a receber os voos domésticos e alguns voos vindos de outros países, mas Beja pode acolher os restantes.

Objeções (dos velhos do Restelo): Beja é longe, é no interior do país...! Sobre interior do país basta comparar a largura do nosso retângulo com países como a França ou a Alemanha para percebermos que Portugal é quase todo ele uma faixa costeira. Ganhemos Mundo e perspetiva...

Seria extraordinariamente mais barato construir – aí sim vale a pena e é eficaz – linhas ferroviárias de alta velocidade (TGV) que colocariam um passageiro que aterrou em Beja, no espaço de uma hora, em Lisboa ou no Algarve. Esta distância entre o aeroporto e o centro da capital ocorre em vários aeroportos europeus e daí não vem mal ao Mundo. Aliás, muitos dos que nos procuram também procuram o Algarve e Beja fica a meio caminho entre Lisboa e o Algarve.

Mais: maximizar um investimento feito no interior do país é reorganizar melhor o nosso território e repovoar o país. As pessoas – hoje conectadas por via digital – aceitam viver no interior do país se lá tiverem empregos e serviços. Não podemos continuar a sufocar mais as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto quando, num país pequeno, temos tanto território para usufruir e fazer crescer.

A ideia de fazer bom uso do Aeroporto Internacional de Beja – que aliás não é minha, mas de que sou adepto – teria obviamente custos de reinvestimento naquela zona do país, assim como na ferrovia necessária, mas seria muito mais barato do que um novo aeroporto e uma oportunidade a sério de povoarmos o nosso estreito e pequeno território de forma mais equilibrada e eficiente.

Às vezes, as boas ideias, ao início parecem estapafúrdias.